Um caso recente chamou a atenção para a importância de investigar sintomas persistentes, mesmo quando parecem comuns. Kev Coles, de 46 anos, de Stoke-on-Trent, no Reino Unido, enfrentou meses de dor abdominal antes de descobrir um câncer agressivo que já se espalhou pelo corpo. O pai de sete filhos agora recebe cuidados paliativos em casa, com expectativa de vida reduzida a poucas semanas ou meses.
Tudo começou em julho do ano passado, quando Kev sentiu fortes dores no estômago. Ele e a esposa, Kayleigh, suspeitavam de pedras na vesícula ou constipação, mas os médicos, em consultas repetidas, descartaram a gravidade do caso. Segundo Kayleigh, ele foi orientado a usar laxantes e mandado para casa todas as vezes. “Parecia que ninguém ouvia ele”, relatou.
No dia 22 de agosto, a situação piorou drasticamente. Kev começou a suar excessivamente, sua pele ficou amarelada e ele vomitou repetidamente. O tom amarelo da pele, um sinal clássico de icterícia, indicava problemas no fígado. Após insistência da família, os médicos finalmente realizaram exames de imagem, que revelaram um tumor de nove centímetros no intestino. O câncer já havia metastizado para o fígado, causando a coloração amarelada.

Kayleigh e Kev pensaram que ele estava sofrendo de pedras na vesícula ou de uma obstrução. (SWNS)
O diagnóstico foi um choque. “O câncer no intestino em si não apresentava sintomas típicos, como sangue nas fezes, que vemos em campanhas de alerta”, explicou Kayleigh. Kev iniciou quimioterapia em outubro, mas o tratamento não conteve o avanço da doença. Em poucos meses, o fígado entrou em falência, confirmando o prognóstico terminal.
Desde então, Kev perdeu 35 quilos e enfrenta dificuldades para se locomover. Kayleigh descreve a rotina como um “turbilhão”, enquanto cuida do marido e dos sete filhos. “É devastador saber que um erro médico custou a vida dele. Se tivessem investigado a dor no início, tudo seria diferente”, desabafou.
A família criou uma página no GoFundMe para arrecadar fundos, visando cobrir despesas médicas e garantir que Kev mantenha certa independência nos dias que restam. Kayleigh também faz um apelo: “Não subestimem dores persistentes. Se algo não parece certo, insistam por exames. Não tenham medo de parecer incômodos”.

O casal deveria se casar em agosto, mas se casaram mais cedo após o diagnóstico. (SWNS)
O caso reacendeu debates sobre a necessidade de maior atenção a sintomas que persistem, mesmo sem sinais “clássicos” de doenças graves. O Hospital Universitário de North Midlands, responsável pelo atendimento inicial, emitiu uma nota convidando a família a relatar as queixas formalmente para investigação.
Enquanto isso, Kev e Kayleigh tentam aproveitar cada momento juntos. “Estou guardando cada segundo que temos. É difícil aceitar que ele está partindo por algo que poderia ter sido detectado”, concluiu Kayleigh, destacando a urgência de conscientização sobre histórias como a deles.
O câncer colorretal é um dos mais comuns no mundo, mas a falta de sintomas óbvios em estágios iniciais torna casos como o de Kev ainda mais alarmantes. Especialistas reforçam a importância de exames regulares após os 45 anos e da busca por segunda opinião médica quando sintomas persistem sem explicação.