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Holandês voador: A verdade sobre o misterioso ‘navio fantasma’

Lucas R.

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Holandês voador
O Holandês Voador é uma lenda marítima sobre um navio fantasma condenado a vagar pelos oceanos eternamente, nunca podendo atracar.

A lenda dos altos mares é repleta de contos de mistério, aventura e sobrenatural. Entre os mais cativantes está a lenda do Holandês Voador. Suas origens remontam ao final do século XVIII, e até hoje, continua sendo um tema de intriga e especulação para muitos. Mas qual é a história por trás desse navio fantasma e como ele se tornou uma parte tão integral do folclore marítimo?

A história do Holandês Voador

A história do Holandês Voador

A história do Holandês Voador começa com o Capitão Hendrick van der Decken. Originário de Amsterdã, ele partiu para as Índias Orientais em busca de especiarias, sedas e corantes, mercadorias altamente valorizadas na Holanda. Sua jornada foi em grande parte bem-sucedida e, após carregar seu navio com esses bens preciosos e fazer alguns reparos necessários, ele começou sua viagem de retorno em 1641.

No entanto, à medida que o navio de van der Decken se aproximava do Cabo da Boa Esperança, um ponto notório para navios que viajavam entre a Europa e a Ásia, o desastre aconteceu. Uma tempestade feroz se abateu sobre eles. A tripulação, sentindo o perigo iminente, implorou ao capitão para mudar de rumo. Seus medos eram justificados; as águas ao redor do Cabo eram conhecidas por sua natureza traiçoeira. Mas van der Decken, talvez em um acesso de loucura ou sob a influência do álcool, recusou-se a atender seus avisos. Ele ordenou que avançassem, levando o navio ainda mais para dentro da tempestade. O resultado foi trágico: o navio afundou, levando consigo sua tripulação e carga preciosa.

Capitão Hendrick van der Decken

A maldição do Holandês Voador

Deste evento infeliz surgiu a lenda e a maldição do Holandês Voador. O conto diz que, por causa da teimosia de van der Decken e sua recusa em voltar atrás, ele e seu navio estavam condenados a vagar pelos mares para sempre, nunca sendo capazes de atracar. Ao longo dos anos, muitos marinheiros afirmaram ter avistado o navio fantasma, sua aparição muitas vezes acreditava ser um presságio de desgraça iminente.

Quando os anos 1790 chegaram, a literatura escrita começou a apresentar relatos desse navio espectral, particularmente suas aparições durante o tempo tempestuoso. Mas não foi até 1843 que a lenda realmente decolou, graças a Richard Wagner. Sua ópera, apropriadamente chamada “O Holandês Voador”, popularizou o conto, apresentando o Holandês amaldiçoado como uma figura eternamente condenada por se lançar na tempestade. Com o navio etéreo e sua tripulação fantasmagórica em seu centro, a ópera cativou o público e incorporou ainda mais a história na cultura popular.

Mas van der Decken não é a única figura associada à lenda. Outra história sugere que o Capitão Bernard Fokke, ou talvez Falkenberg, que navegou para a Companhia das Índias Orientais Holandesas, pode ser o verdadeiro Holandês Voador. A notável habilidade de Fokke em navegar de Amsterdã à Indonésia em meros três meses levantou suspeitas. Rumores começaram a circular de que ele teria vendido sua alma ao diabo por uma velocidade inigualável no mar durante um jogo de dados. Este relato específico até inspirou “Rime of the Ancient Mariner” de Samuel Taylor Coleridge em 1798, adicionando mais uma camada ao rico mosaico de contos do Holandês Voador.

Holandês voador

Relatos

Mas a lenda não para em óperas ou poemas. Talvez o relato mais emocionante venha do Príncipe George, que mais tarde se tornaria o Rei George V. Em 11 de julho de 1881, durante uma jornada de três anos a bordo do HMS Bacchante perto da Austrália, ele e seu irmão, Príncipe Albert Victor, relataram ter visto o Holandês Voador.

O navio fantasma, banhado por uma assustadora luz vermelha, apareceu às 4 da manhã. No entanto, quando seu navio se aproximou do local do avistamento, o navio fantasma havia desaparecido. Para aumentar o arrepio, o membro da tripulação que avistou o navio pela primeira vez caiu tragicamente até a morte pouco depois. Esse incidente serviu apenas para solidificar o status lendário do navio.

Outras aparições persistiram no século XX. Moradores da Cidade do Cabo em 1939 afirmaram ter visto o navio antes de desaparecer abruptamente. Relatórios durante a Segunda Guerra Mundial, tanto de uma tripulação de submarino alemão quanto do escritor britânico Nicholas Monsarrat, sugeriram encontros com o navio etéreo.

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Fata Morgana: A explicação cientifica para o Holandês Voador

Agora, enquanto esses contos são emocionantes, há uma explicação científica que pode lançar luz sobre o fenômeno. Conhecida como “fata morgana“, essa ilusão ótica ocorre quando a luz refrata através de camadas de ar com diferentes temperaturas. A superfície do oceano, com sua miragem cintilante no horizonte, fornece o cenário perfeito para esse fenômeno. No caso do Holandês Voador, a ilusão poderia fazer navios que estão além do horizonte parecerem mais próximos e, à medida que os marinheiros se aproximavam da aparição, ela desapareceria.

É inteiramente plausível que essa ilusão óptica, combinada com a fadiga de longas viagens marítimas, tenha levado os marinheiros a acreditar que estavam presenciando algo sobrenatural. Histórias de aparições fantasmagóricas e infortúnios subsequentes podem ter sido reações psicológicas a essas visões inexplicáveis. Afinal, a mente pode nos pregar peças, especialmente quando confrontada com o inexplicável.

No final das contas, a lenda do Holandês Voador é um testemunho do fascínio pelo desconhecido. Ela nos lembra da vastidão dos mares, dos mistérios que guardam e da tendência humana de tecer histórias em torno das coisas que não compreendemos totalmente. E, embora possamos rir da ideia de um navio fantasma agora, especialmente com explicações científicas modernas à mão, o Holandês Voador permanece uma história fascinante, imortalizada na literatura, música e até em filmes como “Piratas do Caribe”.

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Editor-chefe do portal Mistérios do Mundo desde 2011. Adoro viajar, curtir uma boa música e leitura. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.