Pai flagrado na TV matando homem que sequestrou e abusou de seu filho deu resposta arrepiante quando questionado sobre o assassinato anos depois

por Lucas Rabello
6 visualizações

Aviso: Este artigo contém discussões sobre abuso sexual e estupro que podem ser perturbadoras para alguns leitores.

Nos anos 1980, um crime chocante nos Estados Unidos ganhou as manchetes e, décadas depois, ainda gera debates sobre justiça e vingança. A história envolve um pai, seu filho vítima de abuso e um ato violento que mudou para sempre as vidas de todos os envolvidos.

Tudo começou quando Jody Plauché, então um estudante do ensino fundamental, conheceu Jeffrey Doucet, seu instrutor de karatê. O que parecia uma relação de confiança entre aluno e professor escondia um segredo sombrio: Doucet passou anos manipulando e abusando sexualmente do garoto. O pesadelo atingiu seu ápice em fevereiro de 1984, quando Doucet sequestrou Jody e o levou para um motel em Anaheim, na Califórnia. Por duas semanas, a família e a polícia procuraram o menino, até que o próprio abusador permitiu que Jody ligasse para a mãe. O breve contato foi suficiente para rastrear o local onde estavam.

Jeffrey Doucet foi preso em 1984 após sequestrar Jody Plauché (Departamento do Xerife do Condado de Orange).

Jeffrey Doucet foi preso em 1984 após sequestrar Jody Plauché (Departamento do Xerife do Condado de Orange).

No dia 1º de março, Jody foi resgatado e Doucet, preso. O plano era levá-lo de volta a Louisiana para enfrentar um julgamento pelos crimes. Porém, o destino do acusado mudou radicalmente no aeroporto de Baton Rouge. Enquanto era transportado algemado, sob escolta policial, um homem aproximou-se discretamente. Usando um boné e fingindo falar ao telefone, ele se misturou aos repórteres que filmavam a cena. Em segundos, um tiro ecoou: era Gary Plauché, o pai de Jody, que disparou contra Doucet à queima-roupa, atingindo sua cabeça. O agressor entrou em coma e morreu no dia seguinte.

A filmagem da emissora WBRZ capturou o momento exato do disparo, assim como a reação imediata de um policial, que reconheceu Gary e gritou: “Por quê, Gary?! Por quê?!”. O pai, mesmo confessando o crime, nunca foi para a cadeia. Inicialmente acusado de assassinato em segundo grau, ele fez um acordo judicial, declarando-se culpado de homicídio culposo. Sua sentença incluiu sete anos em liberdade condicional, cinco anos de probation e 300 horas de serviço comunitário, concluídas em 1989.

Gary Plauché nunca foi preso por atirar no abusador de seu filho (@jplauche/Twitter).

Gary Plauché nunca foi preso por atirar no abusador de seu filho (@jplauche/Twitter).

Anos depois, em uma entrevista para um especial da ESPN, Gary não demonstrou arrependimento. Questionado se faria tudo de novo, respondeu com firmeza: “Sim”. A justificativa? Proteger o filho de um sistema judicial que, em sua visão, poderia falhar.

Jody Plauché, por sua vez, enfrentou o trauma de maneira surpreendente. Em 2023, ao falar ao The Mirror, ele afirmou: “Não trocaria minha vida. Sabendo como tudo terminou, não a trocaria por nada”. O sobrevivente dedicou sua vida adulta ao ativismo, combatendo a exploração sexual infantil. Sua motivação veio em 1991, após um xerife de Baton Rouge revelar que um depoimento de Jody em um programa de TV inspirou outro menino a denunciar abusos sofridos por um pastor. “Quero fazer a diferença”, explicou Jody.

A história da família Plauché permanece como um exemplo complexo de dor, justiça e redenção. Enquanto Gary enfrentou críticas e apoio público por seu ato, Jody transformou a própria tragédia em um legado de esperança, ajudando vítimas a quebrar o silêncio. A filmagem do aeroporto, ainda disponível na internet, segue como um registro cru de um capítulo que desafia respostas simples.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.