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Há fungos em nossas naves espaciais e ninguém sabe se eles são perigosos

Lucas R.

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Fungos potencialmente perigosos estão vivendo em estações espaciais e espaçonaves nesse exato momento – mas não temos ideia se eles são prejudiciais para os astronautas e os cientistas precisam fazer muito mais pesquisas para descobrir isso. Essa é a conclusão de um novo estudo publicado em 11 de abril na revista Astrobiology, revendo o que é sabido sobre as micotoxinas – compostos fúngicos que podem prejudicar os seres humanos – no espaço.

A Terra está repleta de habitantes microscópicos, como bactérias e fungos unicelulares. Portanto, não é de se surpreender que esses companheiros constantes tenham conseguido pegar carona com os humanos a bordo da Estação Espacial Internacional e de outras naves espaciais.

Estação Espacial Internacional
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Embora os cientistas tenham feito uma boa quantidade de pesquisas sobre bactérias no espaço, os fungos continuam relativamente pouco estudados. Parte da razão é que esses primos de cogumelos normalmente causam problemas de saúde apenas em pessoas que vivem sob condições estressantes ou que têm sistemas imunológicos severamente comprometidos.

Mas o estresse prolongado do voo espacial afeta o sistema imunológico dos astronautas. Portanto, uma equipe da Universidade de Ghent, na Bélgica, questionou como os fungos podem afetar a saúde deles. Em uma revisão da literatura científica, o pouco que surgiu foi principalmente relacionado à detecção de diferentes espécies de fungos.

“Mas sobre as micotoxinas não encontramos quase nada”, disse Sarah de Saeger, cientista farmacêutica da Universidade de Ghent e co-autora do novo artigo, à LiveScience.

Isso é problemático porque os fungos específicos que foram encontrados em naves espaciais são o Aspergillus flavus e membros do gênero Alternaria, conhecidos por produzir compostos carcinogênicos e imunodepressivos, disse ela, e essas moléculas geralmente se formam quando os fungos são estressados. (Se o espaço é um ambiente estressante para os seres humanos, também pode ser estressante para os fungos). Ainda não se sabe se os astronautas estão sendo afetados por essas toxinas, acrescentou ela.

A equipe de De Saeger recomenda que as agências espaciais realizem um melhor trabalho na detecção e pesquisa de micotoxinas em espaçonaves. Em particular, eles sugerem que novos métodos devem ser desenvolvidos para monitorar as superfícies e atmosferas de espaçonaves. Atualmente, a maioria das detecções de fungos é feita enviando amostras de volta aos laboratórios da Terra, mas isso não será possível para missões de longa duração, como um voo tripulado para Marte.

De Saeger salientou que a presença de micotoxinas não significa necessariamente perigo para os astronautas. Aqui na Terra, as pessoas são frequentemente expostas a estes compostos, mas a sua contribuição específica para diferentes doenças nem sempre é fácil de rastrear. Por outro lado, ninguém sabe como os fungos podem crescer e evoluir no ambiente fechado de uma missão espacial duradoura, disse Saeger.

“Acredito que a maior mensagem é que os fungos e as bactérias são parte integrante dos corpos humanos”, disse Adriana Blachowicz, que investigou fungos na Estação Espacial Internacional, mas não participou do estudo recente. “Onde quer que vamos, fungos e bactérias seguirão.”

As bactérias têm se mostrado mais virulentas no espaço, e por isso há alguma preocupação de que os fungos também possam ser, acrescentou.

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Editor-chefe do portal Mistérios do Mundo desde 2011. Adoro viajar, curtir uma boa música e leitura. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.

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