Gravação assustadora da cabine captura os momentos finais do avião da Alaska Airlines que caiu, matando todos a bordo

Há 25 anos, um gravador de voz na cabine de comando registrou cenas dramáticas que até hoje ecoam como um dos capítulos mais sombrios da aviação norte-americana.

Em 31 de janeiro de 2000, o Voo 261 da Alaska Airlines partiu de Puerto Vallarta, no México, com destino a Seattle, nos Estados Unidos. A bordo, 88 pessoas — entre passageiros, tripulantes e os experientes pilotos — embarcaram sem imaginar que a viagem terminaria em uma tragédia no Oceano Pacífico.

O McDonnell Douglas MD-80 decolou normalmente, mas, cerca de uma hora e meia após a partida, a aeronave começou a apresentar problemas técnicos. Os pilotos, o capitão Ted Thompson e o copiloto Bill Tansky, somavam mais de 12 mil horas de voo em modelos similares.

A aeronave ficou completamente destruída com o impacto
A aeronave ficou completamente destruída com o impacto

Apesar da expertise, eles logo perceberam que algo grave acontecia: o sistema de estabilização horizontal do avião, responsável por controlar a inclinação durante o voo, havia falhado.

Nas gravações divulgadas recentemente, é possível ouvir Thompson relatando à torre de controle: “Estamos em uma descida”. Em seguida, ele detalha: “Ainda não é uma queda livre, mas perdemos o controle vertical”.

O copiloto Tansky corrige, afirmando que a situação não estava sob domínio. Os dois trabalharam freneticamente para solucionar o problema, alternando entre tentativas de ajustes e comunicações tensas com os controladores de voo.

Enquanto isso, outras aeronaves nas proximidades testemunharam a crise. Um piloto que operava um Aero Commander 690A alertou a torre: “O avião da Alaska começou a mergulhar abruptamente”.

Outra confirmação veio em segundos: “Ele está com o nariz para baixo, sem dúvida”. Minutos depois, as testemunhas relataram o impacto violento contra o oceano, a cerca de 6,5 km da costa da Califórnia. Não houve sobreviventes.

A investigação conduzida pela Agência Federal de Aviação (FAA) revelou que o desastre foi causado pelo desgaste excessivo de uma peça chamada “parafuso sem-fim”, localizada na cauda do avião. Esse componente, vital para o movimento do estabilizador horizontal, havia sofrido falha catastrófica devido à falta de lubrificação adequada.

Relatórios apontaram que a Alaska Airlines não seguia os protocolos necessários para a manutenção da peça, permitindo que o atrito entre as partes metálicas corroesse os mecanismos ao longo do tempo.

O acidente levou a mudanças significativas nos padrões de inspeção de aeronaves, especialmente em modelos mais antigos. A tragédia também reforçou a importância dos gravadores de voz e dados, que se tornaram ferramentas essenciais para entender falhas técnicas e humanas.

Infelizmente, todas as 88 pessoas a bordo morreram
Infelizmente, todas as 88 pessoas a bordo morreram

Mesmo após um quarto de século, o Voo 261 permanece como um marco na história da aviação. As gravações da cabine, agora revisitadas em plataformas digitais, oferecem um registro visceral dos esforços heroicos — porém fúteis — da tripulação para salvar a aeronave.

Cada detalhe, desde os diálogos até os sons de alerta, transforma o incidente em uma lição permanente sobre os riscos invisíveis que podem estar escondidos em componentes aparentemente simples.

Enquanto familiares das vítimas mantêm viva a memória de seus entes queridos, a indústria aeronáutica continua a evoluir, buscando evitar que erros do passado se repitam. O Voo 261 não foi apenas uma tragédia estatística: foi um divisor de águas que redefiniu os limites entre a tecnologia, a manutenção preventiva e a segurança no céu.