Homem causou colapso de banco brasileiro após vender um aeroporto imaginário por $ 242.000.000

por Lucas Rabello
3,3K visualizações

Em um dos golpes financeiros mais audaciosos da década de 1990, um ex-diretor de banco nigeriano arquitetou um esquema que eventualmente levaria à falência de uma instituição financeira inteira. Emmanuel Nwude, aproveitando sua experiência como ex-diretor do Union Bank of Nigeria, executou uma fraude sofisticada que tinha como alvo o Banco Noroeste, uma instituição bancária brasileira.

O esquema começou com um simples telefonema. Nwude entrou em contato com Nelson Sakaguchi, diretor do Banco Noroeste, se passando por Paul Ogwuma, então governador do Banco Central da Nigéria. Durante a conversa, Nwude apresentou o que parecia ser uma oportunidade de investimento lucrativa: o financiamento de um projeto de construção de um novo aeroporto.

Emmanuel Nwude (à esquerda) chegando ao tribunal superior de justiça em 2004.

Emmanuel Nwude (à esquerda) chegando ao tribunal superior de justiça em 2004.

“Precisamos de um financiamento substancial para construir este novo aeroporto”, disse Nwude a Sakaguchi, que viu cifrões em seus olhos. O banqueiro brasileiro poderia ganhar uma comissão de US$ 10 milhões se o acordo fosse adiante, o que provavelmente ofuscou seu julgamento e levou a uma falha crítica – a falta de uma devida diligência apropriada.

Entre 1995 e 1998, o Banco Noroeste transferiu surpreendentes US$ 242 milhões para financiar o projeto inexistente do aeroporto. A fraude permaneceu oculta até 1997, quando a planejada aquisição do Banco Noroeste pelo gigante bancário Santander revelou sérias discrepâncias financeiras. A descoberta mostrou que metade dos ativos do banco estava inexplicavelmente localizada nas Ilhas Cayman, enquanto somas significativas haviam sido desviadas para o projeto do aeroporto fantasma.

O impacto financeiro foi catastrófico. Em 2001, o Banco Noroeste havia colapsado completamente. Embora o Santander tenha procedido com a aquisição, o banco brasileiro nunca se recuperou do enorme golpe financeiro.

As consequências legais se desenrolaram em múltiplas etapas. Em 2004, Nwude e seus cúmplices enfrentaram seu primeiro julgamento, que foi arquivado. No entanto, eles foram prontamente presos novamente e enfrentaram novas acusações em outro tribunal. O grupo acabou se declarando culpado de mais de 100 acusações de fraude e suborno.

Em uma tentativa desesperada de escapar da justiça, Nwude tentou subornar com US$ 75.000 após a confissão de um de seus cúmplices. Esta ação saiu pela culatra espetacularmente, apenas aumentando seus problemas legais. O tribunal o condenou a 25 anos de prisão por seu papel no esquema de fraude massiva, embora ele tenha recebido liberdade antecipada em 2006.

A escala do engano foi inédita para a época. Através de uma combinação de personificação sofisticada, exploração de protocolos bancários e capitalização da ganância humana, Nwude conseguiu orquestrar uma das maiores fraudes bancárias da história. O caso expôs vulnerabilidades significativas nos sistemas bancários internacionais e a importância crucial de procedimentos de verificação rigorosos em transações financeiras de grande porte.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.