Imagine duas pessoas, idênticas em todo sentido genético, mas separadas por mundos em sua criação. Tal foi a história de duas gêmeas de Seul, Coreia do Sul, que, apesar de separadas em tenra idade, deram ao mundo um vislumbre raro sobre o eterno debate entre natureza e criação.
Vamos ao que aconteceu: em 1974, ainda crianças, estas irmãs enfrentaram um revés do destino em um mercado em Seul. Uma delas se perdeu. Imagine o pânico, a busca, o apelo desesperado por ajuda – os pais até apareceram na TV na esperança de encontrar sua filhinha. Mas, infelizmente, a busca foi em vão. A gêmea perdida acabou a milhares de quilômetros de distância, nos EUA, adotada por um casal e completamente alheia à sua família na Coreia.
Avançando algumas décadas, e um programa de DNA destinado a reunir famílias na Coreia do Sul traz uma surpresa. NoAsa gêmea criada nos EUA descobre não apenas sobre sua irmã idêntica, mas também que tem outro irmão e irmã. Que reunião de família, hein?
Agora, aqui está a parte intrigante. Movidas pela curiosidade, ambas as gêmeas decidiram se submeter a uma série de avaliações. De perfis de inteligência e personalidade a históricos médicos, elas queriam saber quão diferentes ou semelhantes eram. E adivinhe? Os resultados foram surpreendentes.
Apesar de seus genes compartilhados, havia um contraste acentuado em seus QIs. A gêmea dos EUA teve uma pontuação 16 pontos abaixo de sua irmã da Coreia. Agora, você pode pensar: “Ok, alguns pontos de diferença, qual é o problema?” Mas, quando você olha para estudos anteriores sobre gêmeos idênticos, eles geralmente têm uma diferença média de QI de, digamos, no máximo 7 pontos. Então, uma diferença de 16 pontos? Isso é enorme! Muitos ficaram se perguntando: foram as criações contrastantes a razão? Ou havia outro motivo? Curiosamente, a gêmea dos EUA sofreu três concussões no passado, o que pode ter influenciado na diferença do QI.
Mas à medida que mergulhamos mais na história delas, as águas tornam-se mais turvas. Apesar de seus passados e experiências tão distintos, suas personalidades eram incrivelmente semelhantes. É como se fossem feitas do mesmo tecido. Ambas mostraram traços de serem bem organizadas, cumpridoras de seus deveres e tinham um talento para alcançar o que decidiam. Não é fascinante como seus genes parecem ter desempenhado um papel significativo na formação de suas personalidades, apesar dos mundos em que cresceram?
Uma cresceu em um ambiente harmonioso e amoroso na Coreia, enquanto a outra enfrentou desafios de conflitos familiares regulares e até viu o divórcio de seus pais adotivos nos EUA. No entanto, quando se tratava de autoestima e saúde mental, elas estavam na mesma sintonia. Um testemunho, talvez, do espírito resiliente codificado em seus genes?
Elas também tiveram capítulos surpreendentemente similares em seus históricos médicos. Ambas enfrentaram o desafio de passar por cirurgias para remover tumores nos ovários. Mas, como toda história, havia diferenças também. Enquanto a gêmea dos EUA mostrou uma abordagem mais individualista à vida, sua irmã da Coreia inclinou-se para uma mentalidade mais coletivista, refletindo as impressões culturais de suas respectivas criações.
Então, onde isso nos deixa no grande debate natureza vs. criação? É difícil dizer. Casos como estes são raros, quase como encontrar uma agulha em um palheiro. Precisamos de mais histórias assim, mais dados, mais percepções antes de chegarmos a conclusões concretas.
Mas uma coisa é certa. Esta história de gêmeas adicionou um capítulo fascinante à contínua conversa sobre a dança intrincada entre genes e ambiente. Nos lembra que, enquanto nossos genes podem esboçar o contorno inicial, são nossas experiências que preenchem os detalhes. E, como este estudo mostrou no periódico Personalidade e Diferenças Individuais, o quadro final é frequentemente mais complexo e belo do que podemos imaginar.