Ganhadores do Oscar devem assinar um acordo e seguir uma regra rígida após receber o prêmio

por Lucas Rabello
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Todo ano, a cerimônia do Oscar emociona fãs de cinema com discursos inspiradores, looks deslumbrantes e momentos históricos. Na edição mais recente, nomes como Keiran Culkin e Mikey Madison levaram para casa a cobiçada estatueta, enquanto Sean Baker, diretor de Anora, entrou para a história ao vencer quatro categorias em uma única noite: Melhor Edição, Melhor Roteiro Original, Melhor Diretor e Melhor Filme. Mas, por trás do glamour, há uma regra pouco conhecida que todos os premiados precisam seguir — e ela envolve um contrato surpreendente.

Você sabia que os vencedores do Oscar não podem simplesmente vender suas estatuetas? Desde 1951, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas impõe uma cláusula que proíbe a comercialização do prêmio. De acordo com o regulamento oficial, qualquer ganhador (ou seus herdeiros) que queira se desfazer do troféu precisa primeiro oferecê-lo à Academia pelo valor simbólico de 1 dólar. A regra vale até mesmo para leilões ou doações, e quem descumprir pode enfrentar processos judiciais.

A explicação para essa medida está na valorização cultural do Oscar. A estatueta, feita de bronze banhado a ouro 24 quilates, representa um dos maiores reconhecimentos da indústria do cinema. Se fosse fácil vendê-la no mercado privado, poderia acabar em coleções particulares, perdendo sua conexão com a história do cinema. Um caso famoso aconteceu em 2014, quando Joseph Tutalo tentou leiloar um Oscar que pertencia a seu tio, Joseph Wright, vencedor em 1943 pela direção de arte de My Gal Sal. O troféu foi arrematado por 79,2 mil dólares, mas a Academia entrou na Justiça e recuperou a estatueta, alegando que a família não seguiu o protocolo.

Existem regras que precisam ser seguidas

Existem regras que precisam ser seguidas

Curiosamente, há exceções. Em 1999, Michael Jackson comprou o Oscar de Melhor Filme concedido a David Selznick por …E o Vento Levou (1939) por 1,54 milhão de dólares. Como Selznick faleceu em 1965 e a venda ocorreu antes de a Academia reforçar medidas contra transações privadas, o caso ficou em uma “área cinzenta”. Hoje, situações assim seriam quase impossíveis: a cláusula de 1 dólar se aplica inclusive a herdeiros, e a organização monitora de perto leilões e colecionadores.

Mas por que alguém venderia um Oscar? Além de motivos financeiros, alguns podem preferir doar o valor para causas sociais ou até mesmo repassar o troféu para instituições culturais. Ainda assim, a Academia mantém controle rígido. Se um vencedor moderno, como Sean Baker, resolvesse se desfazer de uma de suas quatro estatuetas, teria de notificar a organização antes de qualquer negociação.

O aspecto mais intrigante é que a regra não é apenas sobre dinheiro, mas sobre legado. A Academia preserva troféus em seu acervo, garantindo que façam parte da memória coletiva do cinema. Para os fãs, isso significa que os Oscars de ídolos como Audrey Hepburn ou Marlon Brando nunca sumirão em coleções secretas — a menos que sejam recuperados pela própria Academia.

Enquanto os vencedores da última edição celebram suas conquistas, a cláusula de 1 dólar segue intocável. E, embora pareça improvável que um astro renomado queira se separar de seu prêmio, a regra permanece como um detalhe fascinante — e pouco comentado — da noite mais glamourosa de Hollywood.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.

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