Um homem da Flórida, nos Estados Unidos, viveu uma situação que mistura drama familiar e crime digital. Jared Follin, de 30 anos, decidiu ajudar o pai, Gene Follin, de 63, a recuperar o acesso à conta do Gmail após ele ter sido bloqueado. O que parecia uma tarefa simples se transformou em uma descoberta chocante: o celular do pai guardava quase mil arquivos de conteúdo sexual infantil.
Tudo começou quando Gene pediu ajuda ao filho para resolver um problema técnico. Jared, ao tentar recuperar a conta do Google do pai, percebeu que o acesso havia sido bloqueado por motivos graves. Investigando mais a fundo, ele encontrou imagens ilegais de crianças armazenadas no Google Photos vinculado à conta. Sem hesitar, Jared entrou em contato com a polícia para denunciar o crime.
O caso ganhou proporções maiores um mês depois, quando o National Center for Missing and Exploited Children (Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas) enviou uma denúncia ao grupo de trabalho de crimes cibernéticos contra crianças do Escritório do Xerife do Condado de Pinellas. A Google havia sinalizado a conta de Gene após detectar o upload de material explícito envolvendo menores.
O próprio filho de Gene Follin o denunciou à polícia.
Detetives rastrearam o endereço IP vinculado à conta e confirmaram que Gene era o responsável. Com um mandado de busca, acessaram os arquivos e encontraram 952 itens classificados como pornografia infantil. Entre as imagens, havia registros de meninas com apenas cinco anos de idade. Os arquivos teriam sido carregados entre março de 2023 e setembro de 2024, segundo investigações preliminares.
Gene Follin foi preso em 28 de janeiro e acusado de posse de material ilegal. De acordo com o relatório policial, ele admitiu ter “salvado pornografia infantil” durante interrogatório. Cada um dos 20 crimes atribuídos a ele é classificado como felony de segundo grau, com pena máxima de 15 anos de prisão por conta. Ele foi liberado após pagar uma fiança de US$ 100 mil em 30 de janeiro, mas ainda não se sabe qual será sua defesa legal.
Follin foi liberado da custódia após pagar sua fiança de US$ 100 mil.
O caso ganhou contornos ainda mais surpreendentes ao revelar um lado desconhecido de Gene. Em 2017, ele criou uma campanha no GoFundMe para arrecadar fundos após sofrer um infarto e passar por cirurgia cardíaca. Na página, ele era descrito como um pai e avô dedicado, “compassivo, confiável e gentil”, além de alguém que “sempre fazia os outros sorrirem”. A imagem contrasta radicalmente com as acusações atuais.
A investigação continua em andamento, e autoridades reforçam a importância de denúncias como a feita por Jared. Plataformas como a Google têm sistemas automatizados para identificar conteúdo ilegal, mas a colaboração de usuários e familiares é essencial para interromper ciclos de exploração. Enquanto isso, a família Follin enfrenta as consequências de uma revelação que mudou suas vidas para sempre.
O caso também levanta discussões sobre a dualidade da vida digital: o mesmo espaço que armazena memórias pessoais pode esconder crimes graves. Para Jared, a decisão de denunciar o pai não foi fácil, mas destacou a responsabilidade coletiva de proteger crianças e adolescentes, mesmo quando a verdade está mais próxima do que imaginamos.
