Febre de Oropouche: Brasil relata as primeiras mortes no mundo

por Lucas Rabello
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O Ministério da Saúde do Brasil confirmou as primeiras duas mortes atribuídas à febre de Oropouche, uma doença viral transmitida por picadas de mosquitos e borrachudos. As vítimas, ambas mulheres com menos de 30 anos do estado da Bahia, marcam as primeiras mortes registradas no mundo devido a essa infecção.

A febre de Oropouche

A febre de Oropouche, causada pelo Oropouche orthobunyavirus, teve um aumento significativo de casos nas Américas em 2024. Só o Brasil relatou mais de 7.000 casos este ano, contribuindo para um total de mais de 7.700 casos em cinco países da região.

O vírus, isolado pela primeira vez em 1955 perto do Rio Oropouche, em Trinidad, tem sido objeto de inúmeros surtos na América Central, América do Sul e Caribe desde sua descoberta. No início deste ano, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) emitiu um alerta epidemiológico após o aumento de casos no Brasil, Bolívia, Peru e Colômbia. Cuba também relatou seu primeiro surto de vírus Oropouche em 27 de maio de 2024.

A transmissão da febre de Oropouche ocorre principalmente por picadas de borrachudos (Culicoides paraensis) e de uma espécie de mosquito chamada Culex quinquefasciatus. Este último é também conhecido por seu papel na disseminação do vírus do Nilo Ocidental em algumas regiões. Relatos recentes do Brasil sugerem a possibilidade de transmissão vertical – de mãe para filho – levando a OPAS a alertar seus estados membros para monitorar casos semelhantes.

Mosquito Culex quinquefasciatus

Mosquito Culex quinquefasciatus

Sintomas e tratamento

Os sintomas da febre de Oropouche geralmente incluem febre, dor muscular e articular, náusea, dores de cabeça, tontura e aversão à luz. A doença aguda geralmente dura cerca de uma semana, embora os sintomas possam recorrer por até duas semanas após a recuperação inicial. Em casos raros, infecções graves podem levar a meningite. Os sintomas da doença se assemelham aos da dengue, dificultando o diagnóstico diferencial.

Atualmente, não existem medicamentos específicos ou vacinas disponíveis para a febre de Oropouche. O tratamento foca no alívio dos sintomas, pois a doença é geralmente autolimitada.

A declaração do Ministério da Saúde do Brasil, divulgada em 25 de julho, revelou que as duas mulheres que morreram não tinham condições de saúde pré-existentes. Seus sintomas supostamente se assemelhavam aos da dengue grave, uma doença que causou mais de 2.000 mortes no Brasil entre janeiro e maio de 2024. Uma terceira possível morte está sob investigação em Santa Catarina, enquanto a febre de Oropouche foi descartada como causa de uma morte no estado do Maranhão.

O Brasil implementou testes diagnósticos nacionais para o vírus Oropouche em 2023, permitindo uma vigilância coordenada em nível nacional. O Ministério da Saúde relata que a maioria dos casos em 2024 foi registrada nos estados do Amazonas e Rondônia.

Em resposta aos surtos nas Américas, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) emitiu um aviso de viagem de Nível 1. Este aviso, o nível mais baixo de preocupação, recomenda que os viajantes para regiões afetadas tomem precauções padrão para evitar picadas de insetos e procurem atendimento médico se desenvolverem sintomas indicativos de infecção, mesmo após retornarem para casa.

Especialistas da OPAS enfatizam que a morte por febre de Oropouche é extremamente rara. Para a maioria das pessoas que vivem ou viajam para regiões com transmissão de Oropouche, o risco de doença grave é baixo. No entanto, a organização aconselha a tomar precauções sensatas para prevenir picadas de mosquitos e borrachudos, como usar repelentes de insetos apropriados e vestir roupas longas e soltas.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.