Em uma trágica sexta-feira em Vinhedo, São Paulo, Brasil, um acidente aéreo tirou a vida de 62 pessoas. Após esse evento devastador, investigadores do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Força Aérea Brasileira (FAB) começaram o árduo processo de descobrir o que deu errado. No coração dessa investigação estão dois dispositivos cruciais: as caixas-pretas do avião, que já foram recuperadas e agora passarão por uma investigação (vídeo mais abaixo).
Apesar do nome, esses dispositivos são na verdade laranja brilhante para facilitar sua recuperação após um acidente. Os dois gravadores de voo, oficialmente conhecidos como Cockpit Voice Recorder (CVR) e Flight Data Recorder (FDR), foram transportados para o laboratório especializado do Cenipa em Brasília. Lá, especialistas extrairão e analisarão os dados meticulosamente, na esperança de reconstruir os momentos finais do voo fatídico.
O Papel Crucial das Caixas-pretas na Segurança da Aviação
A Força Aérea Brasileira acaba de divulgar imagens das caixas pretas do voo 2283 da Voepass sendo abertas em Brasília para início da análise pelos peritos do CENIPA pic.twitter.com/yXTOR2GvNu
— AEROIN (@aero_in) August 10, 2024
As caixas-pretas têm sido uma parte integral da segurança da aviação desde sua invenção em 1950 pelo australiano David Warren. Esses dispositivos são projetados para suportar condições extremas, incluindo colisões de alto impacto e calor intenso. A carcaça protetora pode suportar forças de até 3.400 vezes a gravidade da Terra, garantindo que as informações vitais internas permaneçam intactas.
O CVR grava conversas e sons na cabine, enquanto o FDR registra dados críticos de voo, como velocidade, altitude e a posição de vários controles da aeronave. Juntos, esses dispositivos fornecem aos investigadores uma visão abrangente do que ocorreu antes, durante e imediatamente após um incidente.
Os dados armazenados nesses gravadores não são facilmente acessíveis. Equipamentos especializados e expertise são necessários para extrair e interpretar as informações. O Cenipa, reconhecido como uma autoridade internacional nesse campo, iniciou o delicado processo de preparação, extração e gravação dos dados. Esta fase inicial deve continuar ininterruptamente por várias horas, marcando o início de uma investigação minuciosa que pode durar semanas ou até meses.
Da Extração de Dados à Análise: O Processo de Investigação
Uma vez que os dados tenham sido recuperados com sucesso das caixas-pretas, os investigadores passarão para a fase de análise. Esta etapa envolve um exame abrangente de vários fatores que poderiam ter contribuído para o acidente. Especialistas irão escrutinar atividades relacionadas ao voo, o ambiente operacional e fatores humanos. Eles também conduzirão estudos detalhados dos componentes da aeronave, equipamentos, sistemas e a infraestrutura circundante.
O objetivo desse processo meticuloso não é atribuir culpa, mas entender a sequência de eventos que levou à tragédia e identificar quaisquer melhorias de segurança potenciais que possam prevenir incidentes semelhantes no futuro. O Cenipa anunciou sua intenção de publicar um relatório preliminar sobre o acidente dentro de aproximadamente 30 dias, fornecendo uma visão inicial de suas descobertas.
Enquanto a investigação continua, é importante notar que as caixas-pretas modernas evoluíram significativamente desde sua criação. Os dispositivos atuais usam memória de estado sólido (SSD) para armazenar informações, uma melhoria vasta em relação aos modelos antigos que dependiam de conexões de fios ou folhas de metal. Essa tecnologia permite o armazenamento de mais dados e aumenta as chances de recuperação bem-sucedida dos dados em caso de acidente.