Estudo revela se você tem um rosto de “rico” ou de “pobre”

por Lucas Rabello
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Em um estudo que desafia nosso entendimento sobre percepção social, pesquisadores da Universidade de Glasgow descobriram que é possível fazer suposições sobre a condição financeira de uma pessoa apenas observando seus traços faciais. A pesquisa, publicada no APA Journal of Experimental Psychology: General, revela o quão profundamente enraizados estão os preconceitos sociais relacionados à riqueza e à aparência.

A equipe de pesquisa da Escola de Psicologia e Neurociência da universidade realizou um estudo abrangente utilizando modelos 3D de rostos. Participantes brancos, oriundos de culturas ocidentais, foram convidados a avaliar esses rostos e fazer julgamentos rápidos sobre a riqueza, o status social e características pessoais, como competência, calor humano, dominância e confiabilidade.

Cientistas da Universidade de Glasgow solicitaram que os participantes analisassem uma variedade de rostos em 3D.

Cientistas da Universidade de Glasgow solicitaram que os participantes analisassem uma variedade de rostos em 3D.

Os resultados revelaram padrões claros em como os traços faciais são associados à percepção de riqueza. Segundo o estudo, rostos considerados “ricos” geralmente apresentavam traços definidos, sobrancelhas arqueadas e bochechas rosadas. Essas características levaram os participantes a considerar essas pessoas mais confiáveis. Por outro lado, os rostos percebidos como “pobres” eram frequentemente associados a queixos mais curtos, sobrancelhas baixas, bocas voltadas para baixo e tons de pele mais frios, sendo vistos como menos confiáveis.

A Dra. Thora Bjornsdottir, que liderou o estudo, destacou as implicações reais desses julgamentos instantâneos. “Pessoas percebidas como pertencentes a classes sociais altas ou baixas também são frequentemente julgadas como possuidoras de características vantajosas ou desfavoráveis, respectivamente,” afirmou. “Esses julgamentos são formados apenas com base na aparência facial, e isso pode ter consequências substanciais, incluindo desvantagens para aqueles que são percebidos como pertencentes a classes sociais mais baixas.”

A pesquisa também revelou um padrão interessante: rostos classificados como “pobres” frequentemente apresentavam traços mais arredondados e infantis. Por outro lado, rostos considerados “ricos” geralmente tinham características mais alongadas e definidas, como narizes proeminentes, bocas ligeiramente curvadas para cima e testas altas. Os participantes associaram consistentemente essas características a traços como dominância, capacidade e honestidade.

A professora Rachael Jack, especialista em Cognição Social Computacional, forneceu um contexto adicional: “Nossa pesquisa demonstra como atributos faciais específicos desempenham um papel crucial na conexão entre percepções de classe social e estereótipos relacionados.” Ela ressaltou que essas descobertas podem, no futuro, contribuir para intervenções destinadas a interromper percepções preconceituosas.

O estudo destaca como as pessoas formam rapidamente impressões sobre o status social de outras apenas com base em traços faciais. Esses julgamentos podem impactar significativamente a forma como indivíduos são tratados em diversos contextos sociais e profissionais. As descobertas da equipe sugerem que essas associações automáticas entre traços faciais e status financeiro estão profundamente enraizadas nas perspectivas culturais ocidentais.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.