No final do mês passado, o laboratório brasileiro Genera apresentou o maior estudo de dados genômicos da América Latina, analisando os resultados de testes genéticos realizados por clientes. A pesquisa forneceu informações sobre a história do DNA da população.
A investigação incluiu mais de 200 mil códigos genéticos coletados no Brasil, Argentina e Uruguai, traçando conexões entre perfil genético, ancestralidade e características histórico-sociais destes países, além de suas semelhanças e diferenças.
O estudo foi limitado aos indivíduos que puderam adquirir o teste genético, mas o médico Ricardo di Lazzaro, CEO da Genera, enfatizou que ainda é um número significativo. Aproximadamente 75% do DNA avaliado nos três países é de origem europeia, seguido por ancestralidade africana (11%), Américas (6,5%), Oriente Médio (5,4%), judaica (2,7%) e asiática (2%).
O Brasil apresenta maior incidência de ancestralidade africana em comparação à Argentina e ao Uruguai. A ancestralidade das Américas é mais predominante na Argentina, seguida pelo Uruguai e Brasil.
Lazzaro explicou que o povo brasileiro carrega em seus genes fragmentos de DNA que antes estavam separados geograficamente, resultado da miscigenação. A ascendência europeia é predominante em todas as regiões do Brasil, com maior incidência nos estados do Sul. A maior parte da população com ancestralidade africana está no Nordeste, enquanto a origem indígena é mais comum nos estados do Norte.
São Paulo lidera a proporção de descendentes de asiáticos, seguido por Mato Grosso do Sul e Paraná. Quanto aos descendentes do Oriente Médio, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte se destacam. Os estados com maior ascendência judaica são São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte.
Lazzaro ressaltou a importância de conhecer a própria ancestralidade, que pode revelar aspectos genéticos muitas vezes desconhecidos, como a presença de intolerância à lactose ou doença celíaca.