Você provavelmente já ouviu falar sobre as super-bactérias, que se proliferam principalmente em pessoas com o hábito de se automedicar com antibióticos. Estas bactérias, extremamente resistentes aos medicamentos conhecidos pela medicina, podem causar danos severos à saúde do paciente e até mesmo levar à morte. Agora, além das super-bactérias, precisamos também nos preocupar com “super-fungos”.
O fungo conhecido cientificamente como Candida auris está assustando o mundo inteiro por conta de sua extrema capacidade de resistir a medicamentos. De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, mais de 90% dos casos de infecção por este fungo em específico apresentam resistência a pelo menos uma droga antifúngica. Além disso, 30% dos casos são resistentes a duas ou mais drogas deste tipo.
O fungo ataca normalmente pessoas com problemas de imunidade, principalmente quando estas se encontram em ambiente hospitalar.
Cultura de Candida auris em um laboratório dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA. / Wikicommons
O caso mais conhecido envolvendo o Candida auris ocorreu em Nova Iorque, como conta este artigo do New York Times. Na ocasião, um senhor de idade deu baixa em um hospital para realizar uma cirurgia abdominal. Posteriormente, no entanto, exames de sangue acabaram constatando que o homem apresentava uma infestação considerável do fungo, que àquela altura ainda era pouquíssimo conhecido. Cerca de noventa dias após sua internação, o homem acabou falecendo, mas o fungo não se deu por satisfeito. Ainda de acordo com o Times, o fungo se espalhou por todo o quarto onde estava o paciente, e o hospital foi obrigado inclusive a trocar parte do teto e do piso para conseguir se livrar dele, já que ele resistiu a todos os esforços da equipe de limpeza e seus produtos de limpeza e desinfetantes.
O Candida auris também já apareceu na Europa, causando certo alvoroço principalmente pela forma como os hospitais parecem “abafar” os casos de infecção pelo fungo. Conforme conta esta reportagem do Observador, de Portugal, um hospital de Valencia, na Espanha, registrou mais de 370 casos de infecção por este tipo de fungo no ano de 2016. Como a publicação ressalta, o que chama atenção é a forma como o hospital em questão manteve estes casos longe do conhecimento público. De todos esses pacientes, 85 acabaram desenvolvendo infecções no sangue por decorrência do fungo, dos quais 41% faleceram dentro de um mês. Em um comunicado, no entanto, o hospital espanhol declarou que não era possível saber se as mortes ocorrem em decorrência da presença do Candida auris, ou se a infestação não havia tido papel relevante na morte, já que se tratam de pacientes que já eram acometidos por outras doenças sérias.
De acordo ainda com a publicação do Times, que levantou a atenção do mundo inteiro para o problema, o fungo já foi registrado em mais de 23 países ao redor do mundo. Na América Latina, os únicos países com casos registrados são a Colômbia e a Venezuela. No Brasil, nenhum caso foi percebido até o momento. O país com maior número de infecções pelo Candida auris reportadas até o momento é os Estados Unidos, que somam pouco mais de 580 casos desde 2013.
Os sintomas causados pelo fungo em questão não são muito fáceis de serem percebidos sem testes específicos e exames clínicos, já que consistem em febre, fadiga e dores pelo corpo. No entanto, caso você seja hospitalizado ou vá visitar alguém que esteja internado em um complexo hospitalar, pode ser útil perguntar sobre possíveis casos de infecção envolvendo este fungo no local, já que a natureza do ambiente hospitalar, além da presença de pessoas com baixa imunidade, pode favorecer a propagação do Candida auris.