Especialistas fazem descoberta inesperada após peixe raro da ‘Zona do Crepúsculo’ aparecer na praia

por Lucas Rabello
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Um verdadeiro monstro marinho surpreendeu moradores e biólogos ao aparecer em uma praia do Oregon, nos Estados Unidos. O animal, que parece ter saído de um filme de terror, é um peixe-lanterna-de-focinho-longo, uma espécie raramente avistada viva por habitar profundidades de até 1.800 metros no oceano, por isso é chamado de peixe da ‘Zona do Crepúsculo’. Com 1,5 metro de comprimento, dentes afiados como lâminas e um corpo serpentino, o exemplar chamou a atenção até dos especialistas do Seaside Aquarium, que não hesitaram em resgatá-lo para estudo.

A descoberta aconteceu quando um visitante mostrou uma foto do peixe à equipe do aquário. O estado preservado do animal surpreendeu: “Normalmente, encontramos espécimes já em decomposição, mas este estava fresco e intacto”, explicou Tiffany Boothe, assistente do aquário. Apesar de cerca de seis indivíduos dessa espécie aparecerem anualmente na região, a maioria é rapidamente devorada por gaivotas, atraídas pela carne gelatinosa do peixe.

O peixe misteriosamente apareceu no Oregon (Facebook/Seaside Aquarium)

O peixe misteriosamente apareceu no Oregon (Facebook/Seaside Aquarium)

O peixe-lanterna-de-focinho-longo é um mistério para a ciência. Conhecido pelo nome científico Alepisaurus — que significa “lagarto sem escamas” —, ele habita águas tropicais e subtropicais, mas migra até o Mar de Bering, no extremo norte. Sua aparência assustadora, com olhos grandes e uma boca repleta de dentes, contrasta com a fragilidade de seu corpo, adaptado para sobreviver em ambientes de alta pressão. Quando trazido à superfície, sua estrutura se decompõe rapidamente, dificultando pesquisas.

Mas o que mais intrigou os cientistas foi a análise do estômago do animal. Por ter um sistema digestivo lento, os alimentos ingeridos podem permanecer intactos por dias. Ao abrirem o exemplar, a equipe encontrou restos de lulas, polvos e três peixes inteiros. A descoberta vai além da curiosidade: a dieta do peixe-lanterna funciona como uma “cápsula do tempo” para estudar a cadeia alimentar marinha. A espécie é conhecida por comer quase tudo — incluindo outros peixes-lanterna e, infelizmente, plástico —, o que ajuda os pesquisadores a monitorar mudanças nos ecossistemas ao longo do tempo.

O peixe pode crescer até dois metros (Facebook/Seaside Aquarium)

O peixe pode crescer até dois metros (Facebook/Seaside Aquarium)

Segundo a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA (NOAA), esses peixes podem chegar a 2,1 metros de comprimento e pesar cerca de 9 quilos. Eles são chamados de “habitantes do Zone de Penumbra” por viverem em profundidades onde a luz solar praticamente desaparece. Apesar do tamanho e da aparência ameaçadora, não há registros de ataques a humanos, já que seu habitat natural está longe de áreas de mergulho ou pesca.

Para os biólogos, cada exemplar encontrado é uma oportunidade de desvendar segredos do oceano profundo. A presença de plástico no estômago de alguns indivíduos, por exemplo, alerta para a poluição marinha, enquanto a análise de suas presas revela como fenômenos climáticos, como El Niño e La Niña, afetam a distribuição de espécies.

O achado no Oregon não só fascina entusiastas da vida marinha, mas também reforça a importância de estudar criaturas que, embora assustadoras, são peças-chave para entender um mundo ainda pouco explorado: as profundezas escuras e geladas dos oceanos.

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.