Especialista explica se o túnel de $ 20.000.000.000 de Elon Musk entre Londres e Nova York poderia realmente ser construído

por Lucas Rabello
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Em um anúncio que chamou a atenção do mundo, Elon Musk propôs um projeto revolucionário de transporte: um túnel de US$ 20 bilhões sob o Oceano Atlântico, conectando Londres a Nova York. O plano ambicioso prevê trens de alta velocidade viajando a impressionantes 4.828 km/h, reduzindo o tempo de viagem entre essas duas grandes cidades de oito horas para menos de uma hora. A proposta surgiu após Musk ser nomeado “Chefe de Eficiência” dos Estados Unidos pelo presidente Donald Trump, adicionando um caráter oficial à sua já vasta gama de empreendimentos inovadores.

No entanto, a comunidade de engenharia identificou vários desafios críticos que precisariam ser superados. A profundidade extrema do Oceano Atlântico, que atinge 5.500 metros abaixo do nível do mar, representa um obstáculo fundamental. Antes que qualquer construção pudesse começar, seriam necessárias extensas pesquisas geológicas para avaliar a estabilidade do fundo do mar e identificar possíveis falhas geológicas. A imensa pressão exercida pela água em tais profundidades criaria desafios de engenharia extraordinários, ameaçando a integridade estrutural de qualquer construção subterrânea.

Barreiras Naturais e Considerações Ambientais

Segundo especialistas, talvez o maior obstáculo para esse megaprojeto seja a Cadeia Mesoatlântica, uma enorme cordilheira submersa que se estende por cerca de 65.000 quilômetros ao redor da Terra. Essa zona vulcânica ativa, visível acima da água na Islândia, representa uma barreira natural que separa o continente americano da Europa e da África. A atividade vulcânica da cadeia e seu papel na movimentação das placas tectônicas apresentam desafios substanciais de engenharia e segurança, exigindo soluções inovadoras.

Além disso, o projeto precisaria lidar com diversos fatores ambientais, como a presença de vida marinha, incluindo baleias, e a operação de submarinos e embarcações comerciais. Outro desafio seria a necessidade de sistemas avançados de ventilação para manter a qualidade do ar ao longo de toda a extensão do túnel, o que resultaria em custos operacionais sem precedentes.

O fundo do mar pode não suportar a construção.

O fundo do mar pode não suportar a construção.

Tecnologias Atuais e Projetos Existentes

Embora a proposta de Musk possa parecer ficção científica, a tecnologia de transporte atual oferece alguma perspectiva sobre sua viabilidade. O Shanghai Maglev, na China, atualmente o trem mais rápido do mundo, opera a 300 km/h, após ter sua velocidade reduzida de 431 km/h em 2021.

Para que o túnel do Atlântico funcione, seriam necessários trens operando a velocidades mais de 16 vezes maiores do que essa tecnologia existente, utilizando uma combinação de tecnologia a vácuo e propulsão a jato para atingir o tempo de viagem estimado de 54 minutos.

Um exemplo mais modesto, mas relevante, de construção de túneis subaquáticos está em andamento na Europa. O projeto do Túnel Fehmarn, que conectará o norte da Alemanha ao sul da Dinamarca sob o Mar Báltico, demonstra que a construção de túneis subaquáticos é possível sob condições adequadas.

O ponto de entrada do Túnel de Fehmarn

O ponto de entrada do Túnel de Fehmarn

De acordo com Denise Juchem, porta-voz da Femern A/S, empresa dinamarquesa responsável pelo projeto, este túnel de 18 quilômetros foi escolhido por seu menor impacto ambiental, independência das condições climáticas e custo-benefício. Embora significativamente menor em escala do que o túnel proposto por Musk, ele oferece insights valiosos sobre os desafios e possibilidades da construção subaquática.

Contexto Financeiro e Redes Sociais

As interações de Musk com usuários nas redes sociais, especialmente no X (antigo Twitter), forneceram mais contexto sobre sua visão. Respondendo à sugestão de um usuário de que a SpaceX poderia obter a aprovação da Administração Federal de Aviação (FAA) durante o governo Trump, Musk expressou confiança na viabilidade do projeto. Ele afirmou que sua empresa de construção, The Boring Company, poderia realizar o projeto por um custo significativamente menor do que os US$20 trilhões estimados, sugerindo uma redução de custos de até mil vezes.

A proposta gerou discussões consideráveis entre engenheiros e especialistas em transporte, que analisam suas implicações técnicas, financeiras e práticas. Embora as capacidades tecnológicas e de engenharia atuais apresentem limitações significativas, o projeto despertou conversas importantes sobre o futuro da infraestrutura de transporte internacional e os limites das realizações humanas em engenharia.

Com base no que já foi realizado e no avanço constante da tecnologia, será que a visão de Musk é realmente viável ou permanece no campo da especulação? Só o tempo – e talvez mais alguns bilhões de dólares – dirá.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.