Bruce Willis, conhecido mundialmente por sucessos como Duro de Matar e O Sexto Sentido, enfrenta um novo capítulo de sua vida após ter anunciado em 2023 o diagnóstico de demência frontotemporal (DFT). Hoje, aos 70 anos, o ator vive os impactos dessa condição rara, que afeta áreas específicas do cérebro responsáveis pelo comportamento, pela linguagem e pelas emoções.
Enquanto tipos mais conhecidos de demência, como o Alzheimer, estão mais ligados à perda de memória, a DFT compromete de maneira particular os lobos frontal e temporal. Esses são os responsáveis por funções como planejamento, controle de impulsos, uso da linguagem e interação social.
A notícia de seu diagnóstico emocionou fãs e trouxe uma série de atualizações sobre sua vida pessoal, compartilhadas por sua esposa, Emma Heming Willis. Em entrevista à rede americana ABC News, Emma revelou que Bruce não vive mais na mesma casa da família, decisão difícil, mas tomada em consideração ao bem-estar das filhas do casal, Mabel, de 13 anos, e Evelyn, de 11. Segundo ela, embora esteja fisicamente saudável e ainda muito ativo, a perda de funções cognitivas tornou necessária essa mudança.
Como a demência frontotemporal afeta o comportamento
De acordo com especialistas, como Simon Wheeler, da Alzheimer’s Society, a DFT pode se manifestar de duas formas principais: a variante comportamental e a afasia progressiva primária.
Na primeira, a pessoa apresenta mudanças significativas no comportamento e na forma de pensar. Isso pode incluir dificuldade para se concentrar, perda de motivação para atividades antes prazerosas, atitudes socialmente inadequadas e comportamentos repetitivos. Outro aspecto comum é a incapacidade de perceber ou interpretar os sentimentos das pessoas ao redor, o que pode gerar situações desconfortáveis.
Já a afasia progressiva primária, diagnosticada em Willis, afeta diretamente a capacidade de comunicação. Aos poucos, a pessoa perde o entendimento de palavras, passa a falar mais devagar e com frases simples, pode trocar palavras de forma incoerente e, em estágios mais avançados, enfrenta dificuldades até mesmo para articular a fala.
Essas mudanças não acontecem de forma repentina, mas sim progressiva. No caso de Willis, sua esposa relatou que ainda existem momentos em que sua personalidade se manifesta, como um sorriso espontâneo ou sua risada marcante. No entanto, esses instantes se tornam cada vez mais raros, desaparecendo tão rapidamente quanto surgem.
Estratégias para lidar com a doença em família
Conviver com a demência frontotemporal exige adaptação não apenas da pessoa diagnosticada, mas também de seus familiares e amigos. Um ponto importante destacado por especialistas é que, muitas vezes, o próprio paciente não percebe que apresenta comportamentos diferentes, o que pode gerar conflitos.
Por essa razão, reconhecer que determinadas atitudes não são intencionais ajuda a reduzir o impacto emocional nos familiares. Além disso, algumas estratégias práticas podem facilitar a convivência:
- Evitar ambientes barulhentos ou muito cheios, que podem aumentar a confusão e a agitação
- Redirecionar a atenção da pessoa com DFT para outro assunto quando houver sinais de desconforto ou irritação
- Explicar a outras pessoas, em situações sociais, que o paciente tem demência, para que possam compreender melhor suas reações
- Utilizar cartões de apoio que informem discretamente sobre as dificuldades do paciente e orientem terceiros sobre como ajudá-lo
Essas medidas não curam a doença, mas permitem que a vida em família se torne menos desgastante e mais acolhedora.
O caso de Bruce Willis chama atenção não apenas por envolver um astro de Hollywood, mas também por lançar luz sobre uma condição pouco conhecida em comparação com outras formas de demência. A decisão de sua família de manter o público informado contribui para aumentar a compreensão sobre a doença e sobre os desafios enfrentados por quem convive com ela diariamente.