Um debate crescente tem surgido em torno dos adoçantes artificiais como alternativas ao açúcar, com especialistas em nutrição levantando preocupações sobre seu uso generalizado em produtos do dia a dia. De bebidas a sobremesas, esses substitutos do açúcar tornaram-se cada vez mais prevalentes em nosso suprimento alimentar, o que levou a um exame mais atento de seus efeitos sobre a saúde.
A nutricionista espanhola Sandra Moñino abordou recentemente essa questão em seu podcast Con Jengibre y Limón, destacando o conteúdo alarmante de açúcar em bebidas comuns. “Um refrigerante pode conter até 40 gramas de açúcar. É uma loucura,” ela afirmou. Essa revelação vem no momento em que a Organização Mundial da Saúde continua a recomendar a limitação do consumo de açúcares livres a menos de 10% da ingestão total de energia.
A conversa se torna mais complexa ao examinar as alternativas “zero”. Segundo Moñino, esses produtos frequentemente contêm “quantidades excessivas de adoçantes”, incluindo substâncias como acessulfame-K, aspartame e ciclamato. Esses compostos artificiais podem ser centenas de vezes mais doces que o açúcar tradicional, com algumas variedades proibidas em certos países.
Os dados da Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) revelam números ainda mais impressionantes. O Advantame, um adoçante aprovado pela FDA, possui 20.000 vezes o poder adoçante do açúcar comum. Outra alternativa, o Neotame, varia entre 7.000 a 13.000 vezes mais doce que o açúcar tradicional. Atualmente, apenas os ciclamatos e seus sais enfrentam restrições nos Estados Unidos, incluindo variantes como ciclamato de cálcio, ciclamato de sódio, ciclamato de magnésio e ciclamato de potássio.
Apesar dessas intensas capacidades adoçantes, a FDA sustenta que atingir níveis de consumo perigosos permanece improvável. Por exemplo, um indivíduo precisaria consumir 4.920 sachês de Advantame em um único dia para exceder a ingestão diária aceitável.
No entanto, pesquisas identificaram potenciais riscos associados ao consumo de adoçantes artificiais. Estudos sugerem que essas substâncias podem, inadvertidamente, levar ao aumento do consumo de alimentos altamente calóricos, contribuindo potencialmente para o ganho de peso. Pesquisas adicionais indicam uma possível conexão entre o uso de adoçantes artificiais e um risco elevado de Diabetes Tipo 2.
A presença generalizada de adoçantes nos produtos alimentícios modernos levanta preocupações particulares em relação aos padrões de consumo infantil. Moñino aponta que crianças frequentemente consomem bebidas gaseificadas em restaurantes, potencialmente estabelecendo hábitos precoces de ingestão excessiva de açúcar ou adoçantes.
A complexidade dessa questão vai além do simples conteúdo calórico. Embora os adoçantes artificiais ofereçam significativamente menos calorias em comparação ao açúcar, seu impacto na saúde parece mais complexo do que se pensava inicialmente. Sua presença em inúmeras categorias alimentares, desde produtos lácteos a gelatinas e refrigerantes diet, os torna uma parte quase inevitável das dietas contemporâneas.