As últimas palavras arrepiantes do operador de rádio antes que vulcão ‘mais poderoso que uma bomba nuclear’ o enterrasse vivo

por Lucas Rabello
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Em 18 de maio de 1980, o Monte Santa Helena, no Condado de Skamania, Washington, entrou em erupção, resultando em um dos eventos vulcânicos mais devastadores da história dos Estados Unidos. A erupção causou a morte de 57 pessoas, danos extensivos a propriedades e impacto ecológico significativo.

A erupção foi desencadeada por um terremoto de magnitude 5.1, que provocou um colossal deslizamento de terra. Esse deslizamento causou uma erupção lateral que reduziu a elevação do cume da montanha em mais de 300 metros, deixando uma cratera em forma de ferradura de 1,6 quilômetro de largura. Lava fluiu do vulcão em alta velocidade, acompanhada por gases quentes que se moviam a mais de 480 quilômetros por hora. A erupção destruiu tudo em seu caminho, incluindo 200 casas, 47 pontes, 24 quilômetros de ferrovias e 298 quilômetros de rodovias. A força da erupção foi estimada em 500 vezes mais forte do que a bomba atômica lançada sobre Hiroshima.

Entre aqueles que monitoravam o vulcão estava Gerry Martin, um operador de rádio voluntário do Serviço Civil de Emergência de Radioamadores. Martin, um veterano da Marinha treinado como operador de rádio de ondas curtas, havia dirigido seu motorhome para um cume próximo ao vulcão no dia anterior à erupção. Ele pretendia monitorar a atividade da montanha, que vinha aumentando desde um pequeno terremoto em março de 1980. Vapor e movimento no solo na face norte do Monte Santa Helena haviam sido observados, sugerindo uma erupção iminente.

As últimas palavras de Gerry Martin foram imortalizadas numa gravação de rádio. (findagrave. com)

As últimas palavras de Gerry Martin foram imortalizadas numa gravação de rádio. (findagrave. com)

À medida que a erupção se desenrolava, Martin forneceu atualizações em tempo real para outros operadores de rádio. Em sua transmissão final, ele alertou: “Senhores, o trailer e o carro que estão ao sul de mim estão cobertos. Vai me atingir também. Não podemos sair daqui.” O motorhome e os restos de Martin nunca foram encontrados, e acredita-se que ele foi enterrado vivo pela cinza quente e lava.

O vulcanologista David A. Johnston também estava presente durante a erupção. Johnston, que vinha monitorando o vulcão de um cume próximo, foi um dos primeiros a relatar os sinais iniciais da erupção. Ele radiou, “Vancouver! Vancouver! Isso é tudo!” antes de ser alcançado pela erupção. Os restos de Johnston também nunca foram recuperados.

O impacto da erupção se estendeu muito além das vítimas humanas. A zona de explosão cobriu mais de 600 quilômetros quadrados, achatando florestas e matando milhares de animais. A coluna de cinzas da erupção subiu 24 quilômetros na atmosfera, espalhando-se pelos Estados Unidos e alcançando até a costa leste. A queda de cinzas interrompeu o tráfego aéreo e causou problemas de saúde para as pessoas nas áreas afetadas.

A erupção do Monte Santa Helena em 1980 continua a ser o evento vulcânico mais mortal e economicamente destrutivo da história dos EUA.

A erupção do Monte Santa Helena em 1980 continua a ser o evento vulcânico mais mortal e economicamente destrutivo da história dos EUA.

Ecologicamente, a erupção alterou drasticamente a paisagem. O deslizamento de terra preencheu o Lago Spirit e represou rios locais, criando novos lagos e mudando a hidrologia da região. A área devastada, antes uma floresta exuberante, foi transformada em um deserto árido. Com o tempo, no entanto, a área começou a se recuperar. A vida vegetal e animal retornou lentamente, demonstrando a resiliência da natureza.

O impacto econômico da erupção foi significativo. A destruição de casas, infraestrutura e recursos naturais resultou em um dano estimado de US$ 1,1 bilhão. A indústria madeireira foi particularmente afetada, com milhares de hectares de floresta destruídos. Os esforços de limpeza e recuperação levaram vários anos e exigiram um investimento financeiro substancial.

Após a erupção, os esforços de monitoramento e pesquisa no Monte Santa Helena aumentaram. Cientistas instalaram equipamentos mais avançados para detectar sinais de atividade vulcânica e melhorar os sistemas de alerta precoce. A erupção forneceu dados valiosos que melhoraram a compreensão dos processos vulcânicos e aprimoraram a preparação para futuras erupções.

O Monte Santa Helena continua sendo o vulcão mais ativo da Cordilheira das Cascatas. Ele mostrou sinais de atividade desde a erupção de 1980, incluindo uma série de erupções menores entre 2004 e 2008. O vulcão continua a ser monitorado de perto pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) e outras organizações científicas.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.