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Entenda a imprecisão nas informações da NASA sobre as queimadas na Amazônia

Leonardo Ambrosio

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A grande quantidade de informações sendo produzidas sobre as queimadas na Amazônia faz com que muitas vezes os dados sejam recheados de imprecisões.

Os incêndios florestais que vêm atingindo o Brasil recentemente chamam a atenção do mundo inteiro para um problema ambiental que choca a todos. No entanto, a extensa quantidade de dados e informações que estão sendo divulgadas acabam gerando certa confusão e imprecisão.

Para início de conversa, como é possível verificar no site ‘Programa Queimadas‘, e como foi informado pela revista Super Interessante, de fato as queimadas deste ano estão ocorrendo em índices maiores do que os registrados no ano passado. Considerando todas as queimadas em solo brasileiro, temos um número 84% maior do que as que foram observadas em 2018, sendo que destas, 52% ocorreram em solo pertencente à Amazônia.

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NASA/Reprodução

É importante, no entanto, entender de onde estes dados estão vindo. O Programa Queimadas é uma iniciativa do próprio governo brasileiro, que faz uso de vários satélites pertencentes à NASA. São eles: NOAA-15, NOAA-18, NOAA-19 e METOP-B, bem como os MODIS TERRA e AQUA e a NPP-Suomi. Além destes, são utilizadas também imagens de satélites geoestacionários, caso do GOES-13 e MSG-3.

No dia 17 de agosto, foi o MODIS Terra o responsável pela identificação de uma quantidade considerável de fumaça rumando na direção do Brasil. Dois dias depois, toda essa fumaça atingiu Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo – exatamente no mesmo dia em que a capital viu o dia “virar noite” no meio da tarde.

Imprecisões.

O que causou uma certa confusão, entretanto, foram dados divulgados pela NASA por meio do site ‘Earth Observatory’, mantido pela agência estadunidense. Em nota, o site afirmava em um primeiro momento que as queimadas de 2019 estavam abaixo da média dos últimos anos, e por conta disso a informação acabou virando referência para aqueles que por algum motivo gostariam de minimizar os efeitos dos incêndios na Amazônia.

A NASA, no entanto, tratou de corrigir a informação. O texto originalmente publicado foi alterado e, agora, passou a afirmar que as queimadas de 2019 estão “próximas à média dos últimos 15 anos”. O problema, como revelou uma reportagem da Super Interessante, é que a fonte utilizada pela agência dos EUA, a ‘Global Fire Emissions Database’ estava com imprecisões. Em seu conteúdo original, a base de dados contava com informações que iam apenas até 2016, logicamente comprometendo a precisão dos dados extraídos e interpretados posteriormente. Outro fator importante é que os dados da Global Fire Emissions Database analisavam informações não apenas da Amazônia em solo brasileiro, mas também no território da Colômbia, Peru e Bolívia, entre outros. Obviamente, os dados trazidos pelo Inpe, que focam em cada país e estado, e possuem informações de cada ano até 2019, oferecem uma maior precisão.

Por fim, a Global Fire Emissions Database diz que suas estimativas feitas a partir do ano de 2016 são “preliminares”, e que devem ser “interpretadas com cautela”.

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Leonardo Ambrosio tem 26 anos, é jornalista, vive em Capão da Canoa/RS e trabalha como redator em diversos projetos envolvendo ciências, tecnologia e curiosidades desde 2014.

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