Enfermeira revela o arrependimento mais comum no fim da vida

por Lucas Rabello
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A enfermeira de cuidados paliativos Julie McFadden, conhecida online como Enfermeira Julie, tornou-se uma sensação nas redes sociais com mais de 2,5 milhões de seguidores em várias plataformas. Sua missão? Esclarecer o assunto muitas vezes tabu da morte e do morrer, ajudando as pessoas a entender e aceitar essa parte natural da vida.

A experiência de Julie em cuidados de fim de vida lhe proporcionou insights únicos sobre o processo de morrer. Ela esteve presente em centenas de mortes, e suas observações a levaram a compartilhar informações surpreendentes sobre o que as pessoas dizem e sentem em seus momentos finais.

Em uma recente entrevista no podcast “Disruptors” de Rob Moore, Julie revelou algo inesperado sobre o arrependimento mais comum expressado por aqueles que estão perto do fim de suas vidas. Enquanto muitos podem supor que esteja relacionado a escolhas de carreira ou oportunidades perdidas, Julie explicou que é algo muito mais simples e profundo: “A principal coisa que as pessoas dizem, que não ouço muitas pessoas mencionarem, é ‘Gostaria de ter apreciado minha saúde’.”

Essa percepção teve um impacto profundo na própria vida de Julie. Ela agora tem o hábito de escrever uma lista de gratidão todas as noites, focando nas coisas simples que muitos de nós consideramos garantidas. Ela compartilhou: “Gosto do fato de que posso respirar, estou andando por aí, posso sentir o sol – pequenas coisas assim.”

A experiência de Julie ensinou-lhe que as pessoas muitas vezes não valorizam sua saúde até que ela seja comprometida. Ela observou: “Acho que a maior coisa que ouço das pessoas [que estão] morrendo é que gostariam de ter apreciado o quão bem se sentiam antes.”

Essa mudança de perspectiva pode ser valiosa para todos, não apenas para aqueles que estão enfrentando o fim da vida. Julie sugere que ser grato por nossa saúde todos os dias pode tornar nossas experiências muito mais doces, semelhante a como nos sentimos após nos recuperarmos de uma doença e recuperarmos nosso olfato ou paladar.

Antes de se especializar em cuidados paliativos, Julie trabalhou em uma Unidade de Terapia Intensiva, o que lhe deu uma vasta experiência com a morte ao longo de sua carreira. Ela acredita fortemente na importância de educar as pessoas sobre o processo de morrer antes que elas o enfrentem pessoalmente ou com um ente querido.

“Acredito que as pessoas devem saber sobre o processo de morrer antes de realmente passarem por isso com um ente querido ou elas mesmas,” explicou Julie. Ela enfatiza que morrer é um processo natural e que não há nada a temer, embora reconheça que é algo que todos nós devemos aceitar.

A perspectiva única de Julie permite-lhe apreciar a complexidade da biologia humana tanto na vida quanto na morte. Ela refletiu: “Acho que por causa do meu trabalho é mais fácil para mim ver como esta é uma oportunidade única na vida, o fato de que tudo funciona junto em nossos corpos para nos fazer viver e crescer. Eu vejo isso em profundidade também. Vejo como nossos corpos são biologicamente construídos para morrer.”

No entanto, Julie também destacou algumas das realidades infelizes dos cuidados de fim de vida, particularmente nos Estados Unidos. Ela apontou que os recursos financeiros podem impactar significativamente a qualidade dos cuidados que uma pessoa recebe em seus últimos dias.

“De um modo geral, ajuda ter dinheiro para morrer bem, o que acho realmente lamentável,” admitiu Julie. Nos EUA, os cuidados paliativos não são gratuitos, o que significa que muitos idosos da classe trabalhadora são cuidados em casa por membros da família que, embora bem-intencionados, podem não estar qualificados para fornecer o nível necessário de cuidados.

Julie explicou os desafios que isso apresenta: “A família pode cuidar de você 24 horas por dia, 7 dias por semana, mas eles não estarão qualificados para isso, e as pessoas que trabalham para ganhar o suficiente para sobreviver terão dificuldades financeiras para apoiar alguém em cuidados de fim de vida.”

Ela acrescentou: “Apenas pessoas com riqueza bastante extrema podem fazer isso, o que acho realmente lamentável. Então, não acho que o dinheiro te faça feliz, mas ajuda. Certamente tira o estresse da situação.”

Através de sua presença nas redes sociais, do livro best-seller “Nothing to Fear” e do trabalho contínuo em cuidados paliativos, Julie McFadden está trabalhando para desmistificar a morte e encorajar as pessoas a viverem mais plenamente. Sua mensagem é clara: aprecie sua saúde, expresse gratidão pelas coisas simples e não espere até que seja tarde demais para reconhecer o precioso presente da vida.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.