Enfermeira de cuidados paliativos que presenciou a morte de 100 pessoas diz que todos sempre dizem a mesma coisa em seu leito de morte

por Lucas Rabello
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Em uma conversa reveladora no podcast Disruptors, a enfermeira de cuidados paliativos Julie McFadden compartilhou profundas reflexões baseadas em sua ampla experiência com pacientes em seus momentos finais. Julie, que conquistou mais de 1,5 milhão de seguidores no TikTok, traz uma perspectiva única sobre um tema que muitos preferem evitar: os últimos momentos de vida.

Após anos trabalhando em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) antes de se dedicar aos cuidados paliativos, Julie presenciou centenas de mortes, o que a levou a identificar padrões nas reflexões finais das pessoas. Durante a entrevista com o empresário Rob Moore, ela destacou dois desejos recorrentes que surgem nos momentos derradeiros.

O primeiro arrependimento comum está relacionado ao tempo dedicado ao trabalho. Muitos pacientes expressam o desejo de terem passado menos tempo focados em suas carreiras, embora Julie reconheça as dificuldades práticas de alcançar esse equilíbrio, especialmente quando é necessário pagar contas e sustentar uma família.

No entanto, o segundo desejo, ainda mais frequente, envolve algo que está ao alcance de todos: a valorização da saúde. “Eu gostaria de ter valorizado minha saúde”, Julie citou como um dos arrependimentos mais ouvidos. Esse sentimento ecoa fortemente, pois reflete algo que muitas vezes só percebemos quando já é tarde demais.

Julie percebeu semelhanças nos últimos desejos das pessoas (YouTube/Hospice Nurse Julie).

Julie percebeu semelhanças nos últimos desejos das pessoas (YouTube/Hospice Nurse Julie).

Por meio de suas redes sociais e de seu livro, Julie busca desmistificar a morte e o processo de morrer. Sua experiência na área da saúde mostrou como o processo de morrer pode ser natural. “Acredito que as pessoas deveriam saber sobre o processo de morrer antes de passarem por isso com um ente querido ou consigo mesmas”, explicou durante o podcast.

Essas lições também transformaram a vida da enfermeira. Ela desenvolveu o hábito de escrever listas diárias de gratidão, destacando coisas simples que frequentemente são subestimadas: “Eu gosto do fato de poder respirar, de estar andando, de sentir o sol – pequenas coisas como essas”, compartilhou.

Essa perspectiva vem de inúmeras conversas com pacientes que lamentam não terem valorizado sua saúde enquanto a tinham. É comum que os seres humanos ignorem o valor do bem-estar até que ele seja comprometido, seja por doenças simples, como uma dor de garganta, ou por condições mais graves.

O trabalho de Julie vai além dos cuidados tradicionais em hospícios. Ela cria conteúdos educativos em várias plataformas para ajudar as pessoas a entenderem a morte como uma parte natural da vida, em vez de algo a temer. Sua abordagem combina expertise profissional com insights práticos, tornando conversas difíceis sobre mortalidade mais acessíveis ao público.

Por meio de seus papéis como enfermeira, autora e educadora nas redes sociais, Julie continua a compartilhar mensagens importantes sobre a valorização da saúde e a compreensão do processo de morrer. Suas experiências mostram que, embora a morte seja inevitável, não precisa ser enfrentada com medo, e as lições aprendidas com aqueles que estão próximos dela podem nos ensinar a viver melhor.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.