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Encontraram o cemitério mais antigo do mundo. Só que ele não foi feito por humanos

Lucas R.

Publicado em

Descoberta na África do Sul de enterros do Homo naledi desafia visões da evolução humana, sugerindo rituais complexos em espécies antigas.

Paleontólogos na África do Sul desenterraram o que se acredita ser o mais antigo local de enterro conhecido no mundo. Esta descoberta notável, liderada pelo renomado paleoantropólogo Lee Berger, desafia nossas percepções existentes da evolução humana.

O local, situado nas profundezas da Cradle of Humankind, listada pela UNESCO e localizada perto de Joanesburgo, abriga os restos mortais do Homo naledi. Esses achados sugerem que esses hominídeos primitivos se engajaram em comportamentos complexos como rituais de enterro, anteriormente pensados ser exclusivos de espécies com cérebros maiores.

Homo Naledi: Um Contribuinte Surpreendente para a Evolução Humana

Homo naledi, uma espécie tanto primitiva quanto enigmática, está em um ponto crucial na linha do tempo evolutiva. Esses seres, possuindo cérebros não maiores que laranjas, exibiram traços que conectam a lacuna entre macacos e humanos modernos.

A descoberta de suas práticas de enterro, datando de pelo menos 200.000 a.C., precede significativamente os enterros mais antigos do Homo sapiens em 100.000 anos. Este achado interrompe a crença de longa data de que tais rituais sofisticados eram exclusivamente um produto de maiores capacidades cerebrais.

A equipe de Berger encontrou evidências de covas de enterro deliberadas contendo vários indivíduos, uma prática que implica um sentido de ritual e possivelmente até profundidade emocional nesta antiga espécie.

Encontraram o cemitério mais antigo do mundo. Só que ele não foi feito por humanos

Além dos Cemitérios: Arte e Simbolismo na Pré-História

Adicionando ao mistério, os pesquisadores se depararam com gravuras em paredes de cavernas, incluindo uma figura rudimentar semelhante a uma hashtag. Essas marcações, encontradas perto do local de enterro, sugerem um potencial para expressão simbólica ou artística no Homo naledi.

Essa possibilidade confunde ainda mais as linhas entre o Homo naledi e hominíneos mais intelectualmente avançados. As afirmações de Berger, embora tenham sido recebidas com ceticismo no passado, podem revolucionar nossa compreensão da evolução humana. Essa descoberta sugere que rituais, enterros e até arte podem não ser exclusivos do Homo sapiens ou atrelados a grandes tamanhos cerebrais, como anteriormente pensado.

Encontraram o cemitério mais antigo do mundo. Só que ele não foi feito por humanos

Agustín Fuentes, professor de antropologia da Universidade de Princeton e coautor do estudo, enfatiza a história dinâmica e não humana dessas práticas. Carol Ward, uma antropóloga não envolvida na pesquisa, destaca a necessidade de uma maior escrutínio e revisão por pares para confirmar essas afirmações.

A equipe reconhece a possibilidade de hominíneos posteriores terem criado as marcações nas paredes, mas o conjunto geral de evidências aponta para uma história muito mais complexa e matizada de espécies semelhantes aos humanos do que se entendia anteriormente.

Reflexões Finais: Uma Nova Perspectiva sobre Nossos Ancestrais

As descobertas feitas por Berger e sua equipe na África do Sul abrem novas portas para o entendimento de nosso passado ancestral. Elas desafiam o relato convencional que associa comportamentos complexos e rituais exclusivamente com hominíneos de cérebros maiores.

Essas descobertas sugerem que o Homo naledi, uma espécie com um cérebro menor, foi capaz de comportamentos que há muito consideramos exclusivamente humanos. Esta revelação não só aprofunda nosso entendimento da evolução humana, mas também nos convida a reconsiderar o que sabemos sobre as capacidades cognitivas e emocionais de nossos ancestrais antigos.

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Editor-chefe do portal Mistérios do Mundo desde 2011. Adoro viajar, curtir uma boa música e leitura. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.