O emparedamento, também conhecido como muramento, representa um sombrio testemunho da crueldade humana ao longo da história. Essa prática envolvia confinar indivíduos em espaços apertados sem nenhum meio de fuga, efetivamente condenando-os a uma morte lenta e agonizante. Os métodos de emparedamento variavam, desde selar pessoas dentro de caixões ou caixas de madeira até construir paredes de tijolos ao seu redor.
O conceito de emparedamento capturou a imaginação de escritores e contadores de histórias, como exemplificado pelo arrepiante conto de Edgar Allan Poe, “O Barril de Amontillado“. Nessa história, o narrador relata seu ato de vingança, atraindo seu inimigo para as catacumbas e selando-o atrás de uma parede de tijolos. Embora a história de Poe seja fictícia, ela se baseia na prática muito real e horripilante do emparedamento que existiu em diversas culturas e continentes por séculos.
Registros históricos indicam que o emparedamento servia a dois propósitos principais: como forma de pena capital e como meio de sacrifício humano. Como método de execução, era projetado para infligir uma morte prolongada e torturante aos condenados. Em sua forma sacrificial, acreditava-se que o emparedamento traria boa sorte ou força para edifícios e outras estruturas.
Um dos usos mais antigos documentados do emparedamento remonta à Roma antiga, onde era empregado como punição para as Virgens Vestais que quebrassem seu voto de castidade. Essas sacerdotisas, escolhidas de famílias romanas respeitadas, tinham a tarefa de cuidar do fogo sagrado de Vesta, a deusa do lar e da família. Se uma Virgem Vestal fosse considerada culpada de violar seu voto, ela enfrentava uma forma única de execução que contornava dois tabus romanos: a proibição de derramar o sangue de uma Vestal e a lei contra enterrar alguém dentro dos limites da cidade.
Para executar essa punição, uma pequena cripta subterrânea era preparada, geralmente contendo um leito e provisões mínimas de comida e água. A Vestal condenada era então conduzida para esta câmara e selada dentro, deixada para perecer em isolamento e escuridão.
A prática do emparedamento persistiu na Idade Média, com a Igreja Católica Romana adotando uma forma similar de punição para freiras e monges que tivessem quebrado seus votos de castidade ou expressado ideias heréticas. Conhecida como “vade in pacem” ou “vá em paz”, essa punição envolvia selar o infrator em um espaço semelhante a uma tumba por um período prolongado. Diferentemente da morte mais rápida das Virgens Vestais, esses indivíduos deveriam suportar um período mais longo de isolamento, com alimentos sendo entregues através de uma pequena abertura.
Embora possa ser tentador relegar tais práticas à história antiga, evidências sugerem que o emparedamento continuou bem adentro da era moderna. Relatos de até o início do século XX descrevem seu uso na Mongólia e na Pérsia (atual Irã).
Na Pérsia do século XVII, o comerciante de gemas Jean Baptiste Tavernier relatou ter visto túmulos de pedra nas planícies, onde ladrões eram encerrados até o pescoço. Este método de emparedamento deixava as cabeças das vítimas expostas, sujeitando-as aos elementos severos e ataques de aves de rapina.
“O processo começa ao enclausurar uma pessoa dentro de uma parede, sem deixar saídas,” explica Zack D. Films, criador de conteúdo histórico que recentemente produziu uma simulação detalhada da prática. “Diferente de ser enterrado vivo, você não morreria por falta de ar.”
M. E. Hume-Griffith, uma viajante inglesa na Pérsia entre 1900 e 1903, forneceu um relato angustiante de homens selados dentro de pilares de pedra no deserto. Ela descreveu ouvir seus gemidos agonizantes e súplicas por água mesmo após três dias de confinamento.
Na Mongólia, até 1914, havia relatos de pessoas sendo trancadas em caixas de madeira projetadas para impedir que se sentassem ou deitassem confortavelmente. Essas caixas às vezes apresentavam pequenas aberturas que permitiam às vítimas receber sustento mínimo de seus executores.
Talvez ainda mais perturbador que seu uso como forma de execução seja a aplicação do emparedamento em sacrifícios humanos, particularmente em projetos de construção. Em partes da Europa, evidências arqueológicas e folclore sugerem que corpos eram sepultados em edifícios e pontes durante o período medieval. Esta prática estava enraizada na crença de que o sacrifício humano imbuiria as estruturas de força ou resolveria problemas que afligiam sua construção.
A poesia folclórica sérvia, como “A Construção de Skadar“, conta histórias de trabalhadores sendo forçados a emparedar seus entes queridos dentro de muralhas de fortalezas. Na Alemanha, há relatos particularmente perturbadores de crianças sendo usadas como vítimas sacrificiais em fundações de castelos, com a crença equivocada de que sua inocência tornaria a estrutura invencível.
A prática não se limitava a edifícios seculares. Igrejas também eram locais de tais sacrifícios. Em Vilmnitz, Alemanha, foi relatado que uma criança foi emparedada na fundação de uma igreja para afastar dificuldades de construção atribuídas à interferência do Diabo. Evidências físicas apoiam essas histórias sombrias, com esqueletos descobertos dentro das paredes de várias estruturas em toda a Europa durante o século XIX.
O emparedamento como prática sacrificial se estendeu além das fronteiras europeias e contextos cristãos. A cultura Inca, por exemplo, supostamente incluía o sacrifício de jovens donzelas como parte de seu Festival do Sol. Essas meninas, tipicamente entre 10 e 12 anos, seriam baixadas em cisternas sem água e emparedadas vivas após completar seus deveres cerimoniais.
Os Irmãos Grimm, em sua coleção de folclore, documentaram casos de sacrifícios de animais através do emparedamento também. Esses relatos descrevem o sepultamento de cordeiros sob altares e o emparedamento de cavalos vivos em cemitérios de igrejas como parte de rituais de proteção. Outros animais, como porcos, galinhas e cães, também foram submetidos a esta prática por vários propósitos simbólicos ou protetores.