Em 2022, a tiktoker Emily Skvarch compartilhou com seus seguidores uma revelação pessoal: ela se identifica como trigênero. Dois anos depois, o assunto voltou a ganhar atenção nas redes sociais após um vídeo antigo dela recircular online. Nele, Emily explica o que significa viver com essa identidade de gênero — um tema que, recentemente, entrou em conflito com políticas do governo dos Estados Unidos.
No vídeo original, Emily se apresentou de forma descontraída: “Oi, sou Emily e uso quaisquer pronomes porque sou trigênero. Tipo triângulo, sou trigênero: isso significa três”. Ela detalhou que se entende como homem, mulher e não binário ao mesmo tempo, de maneira constante. “É como se eu sentisse uma grande parte desse espectro o tempo todo, em vez de transitar por ele, como uma pessoa gênero-fluido faria”, comparou.
O termo trigênero faz parte de um grupo de identidades que inclui bigênero, pangênero e gênero-fluido, segundo o site VeryWellMind. Essas classificações representam pessoas que não se limitam a uma única experiência de gênero. No caso de Emily, a identidade envolve três dimensões simultâneas, algo que ela descreve com naturalidade: “Gosto de quem sou como pessoa. Não pretendo mudar minha ‘triangularidade’ tão cedo, e ninguém vai conseguir tirar isso de mim”.
Apesar da leveza com que aborda o tema, o contexto político atual nos EUA trouxe desafios extras. Recentemente, o presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva intitulada “Defendendo as Mulheres da Ideologia de Gênero Extremista e Restaurando a Verdade Biológica no Governo Federal”. O texto estabelece que “os Estados Unidos reconhecem apenas dois sexos, masculino e feminino”, considerados “imutáveis e baseados em realidade fundamental”.
As implicações práticas da medida são amplas: mulheres transgênero não podem mais ser alocadas em presídios femininos, e o governo interrompeu a emissão de passaportes com a opção “X” para pessoas intersexo ou não binárias. A decisão, porém, não altera como indivíduos como Emily se identificam. “O governo não pode — e não vai — mudar quem eu sou”, afirmou a criadora em resposta aos debates reacendidos nas redes.
Nas redes sociais, a postura de Emily gerou reações mistas. Enquanto alguns usuários zombaram da identidade dela, chamando-a de “triângulo”, outros a elogiaram pela coragem de compartilhar sua experiência. “Seu vídeo me fez refletir sobre minha própria identidade de gênero. Obrigado!”, escreveu um seguidor. Outro comentário questionou: “Por que se importar com a vida alheia? Melhor promover felicidade do que conformidade”.
@future4caster Hi new people!!! I’m so happy you’re here! It’s me, your loving triangle aunt 🥰 #lgbt #trigender #crystalshop
A própria Emily reagiu com humor aos apelidos. “Acham que ‘triângulo’ me ofende? É a coisa mais fofa! Aceito de boa”, brincou. Para ela, o importante é que o diálogo sobre identidade continue, mesmo diante de críticas. Enquanto isso, o debate sobre políticas públicas e direitos LGBTQIA+ segue aquecido, com opiniões divididas entre reconhecimento legal e autodeterminação individual.
Seja qual for a perspectiva, a história de Emily ilustra como conceitos de gênero estão em constante evolução — tanto no vocabulário cotidiano quanto nas estruturas governamentais. E, para milhões de pessoas, a liberdade de se definir vai muito além de decretos ou categorias pré-estabelecidas.