A Meta, empresa proprietária do Facebook, Instagram, WhatsApp e Threads, anunciou mudanças importantes em sua abordagem de moderação de conteúdo, a começar pelos Estados Unidos. A companhia decidiu encerrar seu programa de verificação de fatos por terceiros, que vinha sendo utilizado desde 2016, em favor de um sistema comunitário semelhante ao modelo implementado pelo X (antigo Twitter).
Mark Zuckerberg, fundador e CEO da Meta, cuja fortuna atual está estimada em 213 bilhões de dólares, anunciou a mudança em um vídeo. A nova abordagem introduzirá o sistema *Community Notes* (Notas da Comunidade), que permitirá que os usuários sinalizem conteúdos potencialmente enganosos, substituindo o método atual, onde organizações independentes verificam publicações duvidosas.
O programa de verificação de fatos existente, que rotula postagens imprecisas com contexto e informações adicionais, continuará operando fora dos Estados Unidos. A decisão da Meta gerou reações de diversas partes interessadas, incluindo organizações de verificação de fatos.
Chris Morris, diretor executivo da Full Fact, uma organização europeia de checagem de fatos, criticou a mudança: “Negamos completamente a acusação de viés feita pela Meta – somos estritamente imparciais, verificamos alegações de todas as vertentes políticas com rigor igual e responsabilizamos aqueles no poder por meio do nosso compromisso com a verdade.” A organização classificou a decisão como “um retrocesso”.
O sistema Community Notes, inicialmente implementado no X em 2021, ganhou destaque após a aquisição da plataforma por Elon Musk em 2023. Nesse sistema, usuários verificados podem adicionar informações contextuais a postagens controversas, enquanto outros usuários votam na utilidade dessas anotações.
Elon Musk, defensor declarado da “liberdade de expressão” nas plataformas de mídia social, demonstrou apoio à decisão da Meta. Ele compartilhou um artigo da Free Speech Union sobre a remoção de verificadores de fatos pelo Facebook e respondeu: “Isso é legal.”
O momento das mudanças coincide com a futura posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. Trump, que anteriormente criticou as políticas de verificação de fatos da Meta e até fez ameaças contra Zuckerberg, pareceu satisfeito com a nova direção da plataforma. Em uma coletiva de imprensa, Trump afirmou: “Honestamente, acho que eles melhoraram bastante, Meta, Facebook.”
Quando questionado se a decisão de Zuckerberg foi influenciada pelas ameaças anteriores de Trump, o presidente eleito respondeu: “Provavelmente.”
A Meta justificou a mudança citando preocupações com erros nos sistemas automatizados de moderação de conteúdo e possíveis casos de censura. A empresa também mencionou alegados vieses entre os verificadores de fatos como um fator na decisão. No entanto, essa perspectiva foi contestada por organizações de checagem de fatos, que reafirmaram seu compromisso com a imparcialidade e a verificação precisa das informações.