A eleição de um novo papa sempre gera expectativa global, mas desta vez um nome inesperado entrou no radar: o presidente dos Estados Unidos Donald Trump. A sugestão partiu do próprio político, conhecido por suas declarações polêmicas, durante uma entrevista em que foi questionado sobre quem deveria suceder o Papa Francisco, falecido em abril.
O pontífice, que liderou a Igreja Católica por mais de uma década, faleceu aos 88 anos após complicações de um AVC. Reconhecido por sua postura humilde e defesa dos mais vulneráveis, Francisco deixou um legado que exigirá sensibilidade e experiência religiosa de seu sucessor. O processo para escolher o novo líder, no entanto, ganhou um toque de surrealismo quando Trump declarou: “Eu gostaria de ser Papa. Essa seria minha primeira escolha”.
A resposta, embora alinhada ao estilo autoconfiante do presidente, levantou mais de uma sobrancelha. Afinal, Trump não é católico — ele se identifica como cristão não denominacional, vertente do protestantismo —, e as regras para assumir o papado são claras: o candidato precisa ser homem, solteiro, batizado na Igreja Católica, ter formação teológica e pelo menos 35 anos. Apesar de cumprir alguns critérios técnicos, como idade e gênero, sua falta de vínculo formal com o catolicismo o torna inelegível.
A declaração foi feita de forma descontraída, mas ganhou repercussão quando o senador Lindsey Graham, colega republicano, brincou em uma rede social: “Fiquei animado ao saber que o presidente Trump está aberto à ideia de ser o próximo Papa. Seria um candidato surpresa, mas peço ao conclave que mantenha a mente aberta!”. A postagem, claramente irônica, incluía até uma referência à fumaça branca — tradição que sinaliza a escolha de um novo pontífice.
Enquanto cardinais de todo o mundo se preparam para o conclave marcado para maio, no Vaticano, a intervenção de Trump gerou debates além do humor. O presidente também sugeriu que um papa americano “não seria má ideia”, citando um cardeal de Nova York como possível nome — possivelmente uma alusão a Timothy Dolan, arcebispo local. A ideia, porém, enfrenta resistência: nenhum norte-americano jamais liderou a Igreja Católica, e a tradição favorece candidatos de países com maior influência histórica no catolicismo, como Itália ou nações da América Latina.
I was excited to hear that President Trump is open to the idea of being the next Pope. This would truly be a dark horse candidate, but I would ask the papal conclave and Catholic faithful to keep an open mind about this possibility!
The first Pope-U.S. President combination has… pic.twitter.com/MM9vE5Uvzb— Lindsey Graham (@LindseyGrahamSC) April 29, 2025
O episódio não foi o único envolvendo Trump e o funeral de Francisco. Durante a cerimônia, o republicano chamou atenção por conversar com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy sobre temas políticos, além de usar um terno azul claro que contrastava com as vestes escuras dos demais líderes. Detalhes como esse reforçaram a imagem de um político que, mesmo em momentos solenes, mantém seu estilo peculiar.
Apesar da brincadeira, a sugestão de Trump reflete uma característica marcante de sua trajetória: a habilidade de inserir-se em pautas díspares, muitas vezes desafiando convenções. Resta saber se o conclave, ritual imerso em séculos de tradição, consideraria sequer brevemente uma figura tão distante do perfil esperado para o cargo. Enquanto isso, o Vaticano segue seu protocolo, com cardeiais analisando nomes que combinem espiritualidade, liderança e conhecimento doutrinal — qualidades que, na visão de muitos fiéis, vão além de qualquer ambição política.
A eleição do próximo papa permanece um evento carregado de simbolismo, e é improvável que as regras milenares da Igreja Católica sejam flexibilizadas para acomodar candidaturas fora do padrão. Mas, em um mundo onde o inesperado parece cada vez mais comum, até mesmo a hipótese de um “Papa Trump” virou motivo para debates — e, por que não, algumas risadas.