Os níveis de radiação na água ao redor de um submarino afundado da era soviética estão 100 mil vezes mais altos do que o normal, alertaram cientistas, aumentando os temores de que os K-278 Komsomolets possam representar uma ameaça 30 anos depois de afundarem.
Cientistas noruegueses têm analisado a área ao redor do submarino, que foi parar no mar norueguês depois de afundar em 7 de abril de 1989. O acidente – causado por um incêndio na sala de máquinas – resultou na morte de 42 pessoas. A maioria foi morta por exposição à radiação enquanto aguardava a marinha soviética resgatá-los.
O submarino de 120 metros de comprimento agora fica a 1500 metros abaixo d’água, a cerca de 160 quilômetros a sudoeste da Ilha do Urso, na Noruega, em uma das maiores áreas de pesca da Terra.

As equipes de pesquisa verificam regularmente o status do naufrágio. Cientistas russos detectaram baixos níveis de radiação na água ao redor dos Komsomolets nos anos 1990 e 2007, informou o Moscow Times.
Equipes norueguesas pesquisam o local todos os anos, e observaram concentrações elevadas de césio-137 radioativo nas proximidades, entre 1991 e 1993, observou a Business Insider. No entanto, nenhum vazamento foi encontrado. [Chernobyl brasileiro: Goiás foi palco de um dos maiores acidentes radioativos da história]
Mas de três amostras coletadas na segunda-feira usando um mini-submarino controlado remotamente, uma delas mostra níveis de radiação 100.000 vezes maiores do que o esperado, informou a emissora estatal norueguesa NRK.

A leitura foi feita perto de um orifício de ventilação, em torno do qual os cientistas já haviam observado uma estranha nuvem de poeira. Pesquisadores disseram ao canal de notícias TV2 que suspeitam que o canal de ventilação está em contato direto com o reator nuclear dentro do submarino, e que a radiação está pulsando através dele para o mar.
Hilde Elise Heldal, do Instituto Norueguês de Pesquisas Marinhas, disse não ter ficado muito surpresa com o fato de tanta radiação ter sido registrada, já que dados anteriores também registraram poluição radioativa. “Os resultados são preliminares”, disse ela à TV2. “Vamos examinar as amostras quando chegarmos em casa.”
https://www.youaatube.com/watch?v=HWKAfqL-F2c
Heldal acrescentou que a radiação não representa nenhuma ameaça para a pesca ou atividades científicas nas proximidades, e observou que o monitoramento contínuo é importante “para que tenhamos conhecimento atualizado sobre a situação da poluição na área em torno do naufrágio”. Isso também ajudará a “garantir a confiança do consumidor na indústria pesqueira norueguesa”, acrescentou.
O Barents Observer notou que a chance de contaminação da cadeia alimentar é baixa porque o submarino está bastante fundo na água, a uma profundidade que poucos animais vivem.