Uma equipe de cientistas de Tel-Aviv, em Israel, está chamando atenção da comunidade internacional por uma descoberta inédita. Em uma pesquisa recente, a equipe encontrou um animal que representa o primeiro organismo multicelular já encontrado pela ciência a não apresentar um genoma mitocondrial. Isso significa, em palavras mais simples, que a criatura em questão não precisa de oxigênio para sobreviver – ela não precisa respirar.
O animal descoberto é um tipo de parasita, nomeado Henneguya salminicola. Ele possui dez células, e tem como hospedeiro o salmão, alojando-se nos músculos desses peixes. Ele pertence à classe dos Myxozoa, que possui parasitas semelhantes a girinos, e que normalmente praticam respiração aeróbica. Curiosamente, esta espécie abandonou a dependência do oxigênio.
Stephen Douglas Atkinson
A descoberta ocorreu de forma despretensiosa, já que a equipe não desconfiava desta característica quando sequenciava o genoma da nova espécie. Ao perceberem que não havia genoma mitocondrial na sequência, chegaram à conclusão de que tratava-se realmente de uma criatura “especial”.
Os pontos brancos mostram como é visto o Henneguya salminicola no salmão. | Wikipedia/Public Domain
De acordo com os cientistas, os organismos multicelulares altamente desenvolvidos começaram a aparecer na Terra a partir do momento em que nosso planeta passou a apresentar um nível maior de oxigênio na atmosfera. E até então, acreditava-se que todos os seres multicelulares precisavam, de uma forma ou outra, do oxigênio para sobreviver. Esta é a primeira evidência que corre na contramão desta crença.
Esta descoberta é importante de diversas formas, e pode significar uma mudança significativa na forma como entendemos o conceito de “vida”. Pode ser que, a partir da descoberta da primeira espécie que não precisa respirar para sobreviver, os cientistas mudem a forma como procuram por vida fora da Terra, por exemplo. Lugares que antes foram descartados por não ter nenhum sinal de oxigênio podem novamente voltar à tona.
Além disso, a existência de um animal com estas condições mostra, de acordo com os cientistas, o esforço evolutivo pelo qual as espécies passam para se adaptar e tornarem-se capazes de habitar até mesmo os lugares mais extremos do planeta – como os músculos de um salmão.
Leonardo Ambrosio tem 26 anos, é jornalista, vive em Capão da Canoa/RS e trabalha como redator em diversos projetos envolvendo ciências, tecnologia e curiosidades desde 2014.