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Descobertas em Portugal as múmias mais antigas do mundo

Luciana Calogeras

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Os corpos foram enterrados há 8 mil anos – pelo menos 1000 anos antes da múmia mais antiga conhecida até agora.

Múmias são sempre achados de interesse internacional, pois oferecem vislumbres significativos sobre o passado. No entanto, o que não se esperava descobrir seriam múmias no território português do Vale do Sado, e pasmem: tratam-se das múmias mais antigas do mundo!

Vários métodos bem elaborados de mumificação foram utilizados no Egito antigo há mais de 4.500 anos e encontramos evidências de mumificação de 1.000 a.C. na Grã-Bretanha, além de cadáveres mumificados de 5.050 a.C. no Deserto do Atacama, no Chile que eram os mais antigos do mundo. Porém essa mais recente descoberta em Portugal é um exemplar mumificado que foi sepultado há cerca de 8.000 anos, tornando-se as múmias mais antigas já encontradas.

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Universidade de Uppsala e Universidade de Linnaeus, na Suécia, e Universidade de Lisboa em Portugal

Essa descoberta é parte de outros achados na região e também mostram traços de mumificação datadas do período do Mesolítico, ou seja, meados da Idade da Pedra.

Os arqueólogos usaram um método chamado arqueotanatologia para analisar os 13 restos mortais encontrados e compararam os esqueletos com experimentos de decomposição conduzidos pelo Forensic Anthropology Research Facility da Texas State University.

Os ossos de um esqueleto estavam “hiperflexionados”, ou seja, movidos para trás de sua posição natural, o que sugere que eles foram amarrados no lugar com ligações que se deterioraram desde então. Por outro lado, os ossos desse mesmo esqueleto ainda estavam firmemente no lugar, ou seja, não haviam desarticulado, o que sugere que o corpo foi enterrado como uma múmia e não como um cadáver fresco, já que os ossos permaneciam no lugar.

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Peyroteo-Stjerna et al/European Journal of Archaeology

O solo ao redor do túmulo parecia praticamente intacto o que sugere que, se o corpo tivesse sido enterrado sem mumificação, seu tecido mole teria se decomposto, criando vazios que seriam preenchidos por sedimentos. Por isso, sugere-se que o corpo, já era uma múmia quando foi enterrado.

Os pesquisadores supõem que no passado a mumificação era feita após a drenagem dos fluidos e o uso do fogo para secar os cadáveres. Assim, os corpos poderiam se tornar mais fáceis para transportar, a fim de enterrá-los de propósito em um local significativo, mantendo sua integridade anatômica.

Os locais de sepultamento também revelam muito sobre a cultura e crenças dos povos antigos, o que permite-nos ampliar a visão sobre o passado.

Esse estudo foi publicado no European Journal of Archaeology.

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Luciana é profissional da área de tradução há mais de 15 anos, atuando também como professora de Inglês. Trabalha no Mistérios do Mundo desde 2016 como redatora e roteirista e em horas vagas é pesquisadora curiosa em diversas áreas do conhecimento.

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