Descoberta fonte de energia “ilimitada” que poderia abastecer um país por 60.000 anos

por Lucas Rabello
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Cientistas descobriram uma fonte de energia que pode revolucionar o futuro da humanidade: o tório. Este metal radioativo, encontrado em grandes quantidades na China, tem potencial para gerar energia suficiente para abastecer o país por até 60 mil anos, segundo um relatório recentemente divulgado na revista científica Geological Review. A descoberta coloca o tório no centro das atenções como uma alternativa promissora aos combustíveis tradicionais e até mesmo ao urânio, material comum em usinas nucleares.

O tório é um metal prateado que existe naturalmente na crosta terrestre. Embora menos conhecido que o urânio, ele possui uma capacidade impressionante: produz 200 vezes mais energia que a mesma quantidade de urânio. Além disso, os reatores nucleares que utilizam tório em estado líquido (chamados de reatores de sal fundido) têm vantagens significativas. Eles geram uma quantidade mínima de resíduos radioativos, não exigem água para resfriamento — um benefício crucial em regiões com escassez hídrica — e são considerados mais seguros, já que operam em pressões mais baixas que os reatores convencionais.

Cientistas descobriram uma fonte de energia 'ilimitada'

Cientistas descobriram uma fonte de energia ‘ilimitada’

A China parece estar à frente nessa corrida. O complexo de mineração Bayan Obo, na região da Mongólia Interior, revelou uma quantidade surpreendente de tório em seus rejeitos — resíduos deixados pela extração de outros minerais. Estima-se que esses materiais descartados contenham cerca de um milhão de toneladas do metal. Para se ter uma ideia do que isso representa, especialistas calculam que, se todo esse tório fosse convertido em energia, poderia sustentar a demanda elétrica da China por dezenas de milhares de anos.

Fan Honghai, pesquisador-chefe do estudo e membro do Laboratório Chave Nacional de Exploração de Urânio e Sensoriamento Remoto Nuclear em Pequim, destacou que “esses recursos de tório nos rejeitos permanecem completamente intocados”. A afirmação ressalta o potencial ainda não explorado de um material que, até agora, era visto como subproduto sem valor. Um geólogo baseado em Pequim, que preferiu não se identificar, comentou ao South China Morning Post: “Por mais de um século, nações travaram guerras por combustíveis fósseis. Acontece que a fonte de energia infinita estava debaixo dos nossos pés”.

A descoberta pode fornecer energia à China por 60.000 anos

A descoberta pode fornecer energia à China por 60.000 anos

Apesar do otimismo, os desafios técnicos são grandes. Extrair tório dos rejeitos exige quantidades massivas de ácido e energia, processos que ainda não são economicamente viáveis em larga escala. Além disso, há preocupações sobre possíveis usos indevidos do material. Embora especialistas garantam que o tório não seja adequado para a produção de armas nucleares — já que não emite partículas facilmente fissionáveis —, o controle rigoroso sobre sua aplicação será essencial para evitar riscos.

Outro ponto é a falta de transparência sobre os números exatos. A quantidade total de tório disponível no país permanece em segredo, citando questões de segurança nacional. Mesmo assim, as projeções públicas indicam um cenário transformador. Enquanto isso, a China investe em pesquisas para dominar a tecnologia de reatores de sal fundido, com testes em andamento desde 2021.

Se os obstáculos forem superados, o tório pode marcar o início de uma nova era energética. Países com reservas do metal, como Índia, Noruega e Estados Unidos, também observam de perto os avanços chineses. Enquanto o mundo busca alternativas para reduzir emissões de carbono e garantir suprimentos estáveis, o tório surge como uma possibilidade real — e quase inesgotável — de energia limpa.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.

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