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Derretimento do gelo revelou artefatos de uma estrada viking perdida na Noruega

Leonardo Ambrosio

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De acordo com alguns objetos que já foram analisados, o local provavelmente servia como um tipo de estrada na época das civilizações vikings.

Uma espessa camada de gelo com mais de 1,5km de altura, localizada nas montanhas de Jotunheim, na Noruega, está derretendo lentamente. Trata-se da Lendbreen, uma camada de gelo que acredita-se estar congelada há muitos anos, mas há cerca de duas décadas vem cedendo pouco a pouco. E para os arqueólogos, esse é um prato cheio.

Conforme a camada de gelo vai derretendo, vários artefatos e sinais de antigas civilizações começam a aparecer. E de acordo com alguns objetos encontrados em Lendbreen que já foram analisados, o local provavelmente servia como um tipo de estrada na época das civilizações vikings. Novos estudos ainda são necessários, mas de acordo com o que já se sabe a estrada parece ter sido bastante movimentada entre 300-1500, antes que a Europa fosse devastada pela Peste Bubônica.

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“Lendbreen nos propicia novas informações a respeito dos fatores socioeconômicos que influenciaram viagens de grandes altitudes, e aumenta o nosso entendimento sobre o papel dessas estradas em montanhas na comunicação inter-regional e no comércio da época”, escreveu a equipe por trás do estudo envolvendo o derretimento do gelo em Lendbreen.

Descobertas interessantes em na região não constituem nenhuma novidade, já que desde 1974 elas vem acontecendo com alguma frequência. Naquele ano, uma lança datada da Era Viking foi descoberta na localidade, que desde então começou a ser muito visada pelos arqueólogos.

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Em 2011, as altas temperaturas do verão europeu provocaram um derretimento ainda maior na região, permitindo que mais pesquisas fossem realizadas. De lá para cá, centenas de artefatos foram coletados, incluindo resquícios de couro, ossos, madeira e lã. Os pesquisadores foram capazes de encontrar algumas peças de roupa, além de calçados, pequenas facas e utensílios à rotina de criação de animais.

No entanto, o que mais chamou a atenção foi a presença de ferraduras de cavalos, o que sugere que tal localidade servia como uma estrada. Tal teoria foi reforçada pela descoberta de rochas, pedaços de madeira e outros objetos usados como demarcações em tais estradas, utilizadas para que as pessoas não se perdessem.

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“Hoje está claro que Lendbreen foi um ponto de transumância e provavelmente também uma estrada utilizada para vianges longas durante a Idade do Ferro Romana até o fim da Idade Média”, escreveram os pesquisadores, antes de concluírem:

“O material excepcionalmente rico deste local ilustra um sistema de transumância e propicia um modelo pertinente para o estudo de passagens montanhosas no mundo inteiro. Tais passagens eram importantes na mobilidade humana do passado, facilitando e permitindo a transumância, viagens intra-regionais e jornadas mais longas”.

A nova pesquisa foi publicada na revista científica ‘Antiquity‘.

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Leonardo Ambrosio tem 26 anos, é jornalista, vive em Capão da Canoa/RS e trabalha como redator em diversos projetos envolvendo ciências, tecnologia e curiosidades desde 2014.

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