Em 2013 o estadunidense Robert Chelsea entrou para as estatísticas como mais uma vítima da imprudência no trânsito. O homem, então aos 62 anos de idade, foi atropelado por um motorista bêbado e teve grande parte de seu corpo queimado. Seu rosto não conseguiu escapar dos danos do acidente, e ficou completamente desfigurado.
O rapaz, afro-americano, foi colocado em uma lista de espera para doação, e precisou esperar por seis anos para que pudesse receber um rosto com o mesmo tom de pele que o seu.
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Recentemente, em julho de 2019, Robert finalmente recebeu a doação, e foi submetido a uma cirurgia de 16 horas de duração no Boston’s Brigham and Women’s Hospital. Com o sucesso da operação, Robert tornou-se o primeiro afro-americano a passar por uma cirurgia de transplante completo de rosto.
Tanta felicidade, no entanto, não veio sem que antes o estadunidense precisasse passar por muitas batalhas. Ao todo, foram 30 cirurgias de reconstrução facial antes de receber o transplante, já que os médicos encontraram grande dificuldade para reconstruir seus lábios, orelhas e nariz. As lesões nesses locais específicos, obviamente, afetavam de forma direta atividades básicas do viver, como a ingestão de alimentos e líquidos e a respiração.
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Robert teve a chance de acelerar sua espera em maio de 2018, com o surgimento de um doador com tom de pele levemente mais claro que o seu. No entanto, na esperança de encontrar alguém mais compatível, preferiu continuar esperando.
Infelizmente, Robert Chelsea faz parte de uma minoria que encontra sucesso em sua espera. De acordo com o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, apenas 17% dos pacientes negros da fila de espera para doação de rosto conseguiram encontrar um doador compatível, mesmo se tratando de casos que exigiam uma doação parcial. Já entre os caucasianos, esse índice aumenta para os 31%, segundo dados de 2015.
Agora, Robert vem se transformando em uma espécie de “garoto propaganda” de um movimento que busca a conscientização das pessoas acerca da doação de órgãos. E o mais importante é que, ainda no processo de recuperação, ele já se sente muito mais feliz.
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“Foi uma jornada incrível para mim, com muitos desafios. Mas hoje fico emocionado em dizer que estou no caminho da recuperação, graças à incrível equipe de médicos e funcionários do hospital, ao amor e ao apoio da minha família e amigos, bem como minha fé inabalável”, disse Robert.
Leonardo Ambrosio tem 26 anos, é jornalista, vive em Capão da Canoa/RS e trabalha como redator em diversos projetos envolvendo ciências, tecnologia e curiosidades desde 2014.