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Conheça o homem que ficou imóvel por 515 dias para tentar escapar da pena de morte

Leonardo Ambrosio

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A história dos Estados Unidos é repleta de casos legais e jurídicos curiosos, visto que a legislação do país é uma das mais complexas do mundo e vive passando por alterações de tempos em tempos. E entre essas histórias está a de Charles Fiester, um homem de Oregon, que chamou muita atenção em meados de 1895.

De acordo com registros do Departamento de Polícia de Salem, cidade de Oregon, Fiester casou-se aos 22 anos com uma garota chamada Nancy, de 13 anos de idade. Por mais que a diferença etária seja chocante para a realidade de hoje, ela estava dentro da normalidade do que acontecia naquela época, e além disso a vizinhança não desconfiava de qualquer tipo de problema envolvendo o casal, já que eles se mostravam estáveis e amorosos um com o outro. Charles, inclusive, era descrito como um homem simpático, tranquilo e trabalhador. Mas isso não durou para sempre.

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Em determinado momento da vida do casal, Nancy começou a apresentar hematomas sérios em todo o corpo, e vizinhos passaram a relatar gritos e brigas sérias partindo da residência dos Fiester’s. Indignada com a situação em que se encontrava, Nancy arrumou um novo companheiro, e colocou um ponto final no casamento. Infelizmente para a garota, Charles mostrou-se muito mais violento do que aparentava, perseguindo a ex-companheira e, eventualmente, tirando a sua vida. Os casos de crimes passionais eram bem comuns nos EUA naquela época, e este foi mais um a entrar para a estatística.

No dia 30 de setembro de 1895, Fiester foi detido por assassinato, e se declarou inocente das acusações, alegando insanidade. Hoje em dia, os criminosos que comprovadamente possuem patologias sérias de ordem mental muitas vezes acabam escapando das garras da justiça, mas essa realidade ainda estava engatinhando no final dos anos 1890. Por total falta de provas e histórico de instabilidade mental por parte do acusado, o júri não se convenceu com a sua história e o considerou culpado pela morte da ex-companheira. Fiester, então, recebeu pena de morte por enforcamento.

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Porém, contrariando grande parte das decisões proferidas naquele momento da história, a Suprema Corte Estadual de Oregon concedeu uma suspensão temporária da pena, para que fosse possível revisar a alegação de Fiester de que ele sofria de insanidade. Ao ficar sabendo desta nova “oportunidade”, e com medo de terminar sendo enforcado em praça pública, o acusado deitou-se na sua cela e deu início a um verdadeiro teatro, que acabou por enganar muita gente. Fiester, deitado em seu beliche, parou completamente de se mover, e também não falou ou respondeu a mais ninguém. Para todos efeitos, o criminoso estava catatônico. Convencidos, os responsáveis pela detenção de Fiester chamaram um psicólogo do Tribunal, que declarou Charles Fiester como patologicamente insano, o que inviabilizou a sua execução. Isso não quer dizer, no entanto, que o criminoso tenha sido liberado da prisão. Ele permaneceu exatamente onde estava, sob constante supervisão, na esperança de que em algum momento ele saísse daquela condição. De qualquer forma, a constatação da sua insanidade lhe garantiu um bom tempo a mais de vida. E durante este período, os agentes da prisão precisaram se dedicar aos cuidados básicos do detento, alimentando-o diversas vezes ao dia, dando banho e até mesmo trocando suas fraldas. Fiester era tratado como inválido, incapaz de responder e pagar por seus crimes.

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Mas depois de passar 515 dias imóvel, Fiester “acordou” e voltou ao normal no dia 10 de maio de 1897, quando dois de seus filhos foram presos e acabaram parando na mesma cela que o pai. William (26 anos) e John (18) foram detidos durante um roubo, e tiveram como destino a mesma penitenciária onde estava Charles. E a partir daí o teatro começou a desmoronar. Durante uma noite, um prisioneiro de outra cela chamou os carcereiros e disse estar ouvindo conversas durante a madrugada partindo da cela de Charles e seus filhos. E na manhã seguinte, ao levar uma bandeja de comida para Charles Fiester, um dos agentes penitenciários disse que nunca mais se prestaria a fazer esse serviço. Depois de mais 43 meses em silêncio, Charles deixou evidente que estava mentindo este tempo todo. Por isso, em 21 de abril de 1898, a defesa de insanidade do criminoso foi indeferida, e o juiz ordenou o seu enforcamento em 10 de junho daquele ano. E para a surpresa (e indignação de todos), o homem voltou a ficar catatônico na manhã seguinte, tendo sido encontrado pelo xerife com os olhos revirados, a respiração ofegante e aparentemente inconsciente.

Fiester permaneceu assim até o dia do seu enforcamento, mas o público e as autoridades de Oregon se negaram a serem enganados outra vez, e mesmo aparentemente inconsciente, Charles Fiester foi executado às 13h do dia previsto. Seu caso entrou para a história dos Estados Unidos, e serve como um exemplo para os limites que os criminosos podem cruzar em uma tentativa de fugir das suas responsabilidade legais.

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Leonardo Ambrosio tem 26 anos, é jornalista, vive em Capão da Canoa/RS e trabalha como redator em diversos projetos envolvendo ciências, tecnologia e curiosidades desde 2014.

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