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Conheça Poveglia, a ilha “maldita” usada para quarentenas na Itália na Idade Média

Leonardo Ambrosio

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Poveglia é conhecida por ter sido uma área de quarentena durante os surtos da Peste Bubônica, que dizimou parte da população europeia.

Que tal passar uns dias em uma ilha bem isolada, próxima de Veneza, na Itália? Talvez pareça um bom convite, mas certamente você vai mudar de ideia quando conhecer a história de Poveglia.

Trata-se de uma ilha com quase 7 hectares de terra, localizada a 3 km dos famosos canais de Veneza. No entanto, Poveglia está longe de ser uma atração turística popular, dada a sua história macabra e sombria. Conhecida por muitos europeus como “A Ilha Fantasma”, o local serviu inicialmente como uma espécie de forte defensivo para a cidade de Veneza, já que as tropas lá posicionadas poderiam realizar ataques estratégicos a qualquer embarcação que se aproximasse da cidade. No entanto, a ilha é mais conhecida por ter sido uma área de quarentena durante os surtos da Peste Bubônica, que dizimou grande parte da população da Europa em meados de 1340.

Com o objetivo de manter os doentes afastados dos grandes centros populacionais, as autoridades de Veneza, que na época já era uma importante cidade comercial, mandaram mais de 160 mil vítimas da praga para Poveglia, onde ficavam por pelo menos 40 dias, sendo que muitas jamais voltaram de lá. Como era feito também em outros pontos de quarentena, os corpos dos mortos eram queimados aos montes, para tentar frear a peste. Por isso, as lendas contam que hoje o solo da ilha é formado quase que em 50% pelas cinzas daqueles que morreram durante o surto da doença. Além disso, durante os piores picos da peste na Europa, centenas de corpos chegavam de outras localidades com o objetivo de serem “descartados” na ilha, o que faz com que os números de pessoas enterradas, queimadas e simplesmente esquecidas por lá seja ainda maior.

Poveglia na Itália na Idade Média
Reprodução

Chamados de “lazarettos”, os postos de quarentena em Poveglia nem sempre foram assim tão horríveis, já que mesmo antes dos piores momentos da praga na Europa os viajantes costumavam passar um tempo na ilha antes de rumar para Veneza – uma medida extra de segurança para evitar epidemias. No entanto, quando o número de pessoas isoladas aumentou, a situação saiu do controle, e de acordo com registros da época o caos tomou conta dos lazarettos, com 3 a 4 doentes dividindo a mesma cama e trabalhadores recolhendo centenas de corpos todos os dias. Como os mortos eram muito numerosos, esses trabalhadores muitas vezes sequer se esforçavam em analisar se certas pessoas estavam realmente mortas ou se estavam apenas desacordadas. Por isso acredita-se que muitos tenham sido queimados ou enterrados em covas compartilhadas por engano.

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Não fosse bastante desgraça para apenas uma ilha, Poveglia também acabou se tornando lar para um manicômio em 1922. Não há muitos registros claros sobre qualquer tipo de abuso cometido pelos funcionários do local, mas talvez por conta da história já suficientemente macabra da ilha, o hospital psiquiátrico também começou a ser alvo de rumores. Alguns desses boatos, por exemplo, dizem que nem todos os “pacientes” levados para lá eram realmente doentes, e que muitos acabaram sendo torturados lá dentro.

Mistérios do Mundo
Hospital psiquiátrico de Poveglia | WikiCommons

O hospital fechou em 1968, fazendo com que a ilha mais uma vez fosse totalmente abandonada. Hoje em dia, visitantes são totalmente proibidos por lá, mas afinal de contas, quem em são consciência gostaria de viajar para um lugar tão infame?

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Leonardo Ambrosio tem 26 anos, é jornalista, vive em Capão da Canoa/RS e trabalha como redator em diversos projetos envolvendo ciências, tecnologia e curiosidades desde 2014.