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Conheça a Ilha de Antraz, lugar que foi um dos mais mortais do planeta

Leonardo Ambrosio

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Conheça a Ilha de Antraz, lugar que foi um dos mais mortais do planeta
O nome é uma referência à arma biológica antraz, amplamente testada por diversas forças militares, em especial durante a época da Segunda Guerra Mundial.

A pouco menos de 1km da costa noroeste da Escócia, repousa uma das ilhas mais infames do mundo. Com aproximadamente 1,9km de comprimento, a Ilha Gruinard, como é conhecida oficialmente, é popularmente chamada de “Ilha de Antraz”. O nome é uma referência à arma biológica antraz, amplamente testada por diversas forças militares, em especial durante a época da Segunda Guerra Mundial.

De acordo com alguns relatos históricos, encontrados em livros e contos muito antigos, a ilha era vista um local perfeito para ladrões e rebeldes durante o século 16, já que era bastante fácil e prático se esconder por lá. No entanto, desde que a ilha passou a ser analisada de perto pelas autoridades escocesas, em 1920, ninguém oficialmente fez da ilha sua casa.

Em 1942, forças dos Aliados decidiram viajar para Guinard na esperança de criar uma bomba biológica capaz de detonar com as estratégias alemãs. Para isso, foi desenvolvida a “Operation Vegetarian” (ou ‘Operação Vegetariano’, em português). A ideia era espalhar bactérias letais nos suprimentos de carne das tropas do Eixo, disseminando a doença entre os próprios soldados e também entre os animais nas fazendas.

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CC Kevin Walsh

A bomba desenvolvida pelos Aliados utilizava uma bactéria conhecida como Vollum 14578, que se tornava cada vez mais letal a cada hospedeiro que afetava. Entre os sintomas causados pela doença provocada por essa bactéria estavam infecções gastrointestinais, hemorragias, abscessos na garganta e na pele, entre outras complicações digestivas.

Para iniciar os testes, 50 homens foram enviados para Guinard junto com 80 ovelhas, que serviriam como cobaias. Em poucos dias, no entanto, os animais foram todos mortos, e os pesquisadores perceberam que a arma que haviam criado era forte demais, e praticamente incontrolável. Depois de liberar uma nuvem de antraz na direção das ovelhas, os cientistas acabaram por contaminar não apenas os animais, mas todo o solo da remota ilha escocesa, condenando o território para sempre… Ou pelo menos por um bom tempo.

Imediatamente após perceber o tamanho do estrago, os responsáveis pelos testes desinfetaram todos os equipamentos e incineraram os corpos das ovelhas, mas não havia como recuperar todo o prejuízo. Ainda que tenham conseguido poupar a Europa da devastação, nada pôde ser feito em relação à Ilha Guinard, que precisou passar por uma severa quarentena. O local chegou a ser retirado da grande maioria dos mapas, e a entrada na região era totalmente proibida. Por muito tempo, autoridades do mundo inteiro temeram que terroristas internacionais pudessem entrar na ilha em busca de vestígios da bactéria mortal, mas felizmente, ao que tudo indica, a feroz arma química jamais fora reproduzida.

Em uma tentativa de “limpar” a ilha, mais de 300 toneladas de formaldeído foram despejadas no local em 1986. Para testar a segurança da ilha, um novo rebanho de ovelhas fora levado até lá. Passados quatro anos, as autoridades declararam a ilha como segura. No entanto, isso não foi o suficiente para convencer as pessoas a frequentarem ou morarem na região, que até hoje permanece totalmente inabitada e, na maior parte do tempo, 100% deserta.

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Leonardo Ambrosio tem 26 anos, é jornalista, vive em Capão da Canoa/RS e trabalha como redator em diversos projetos envolvendo ciências, tecnologia e curiosidades desde 2014.

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