As guerras, infelizmente, fazem parte da história da humanidade. Grande parte das nações do nosso planeta em algum momento já se envolveu em conflitos bélicos, e poucos são os países que permanecem pacíficos ao longo de toda a história.
Algumas dessas guerras, como você sabe, durante anos, e até mesmo décadas. Outras, no entanto, são bem curtas. Mas o conflito que ficou conhecido como ‘Guerra Anglo-Zanzibari’ acabou entrando para o Livro dos Recordes da Guinness, depois de durar apenas 38 minutos.
Marinheiros britânicos durante a Guerra Anglo-Zanzibari.
A GUERRA MAIS CURTA DA HISTÓRIA
O conflito entre o Reino Unido e o Sultanato de Zanzibar, na África Oriental, ocorreu em 27 de agosto de 1896, e terminou naquele mesmo dia, 38 minutos depois da guerra ser declarada. Os ânimos esquentaram depois que o sultão Sayyid Ali faleceu, deixando o posto para seu único filho, Khalid ibn Barghash. O problema é que a Grã-Bretanha não gostou nada da ideia do filho de Sayyid Ali assumir o poder, já que o sultão, durante todo o seu mandato, dificultou os interesses britânicos no território de Zanzibar. A ideia do Reino Unido era que Hamad ibn Thuwayn se tornasse o novo sultão.
Entre outras, as políticas de interesse britânico em Zanzibar incluíam a abolição da escravidão no sultanato e uma reabertura do mercado. Thuwayn, na visão dos ingleses, seria mais aberto a essas ideias, já que elas afetariam diretamente os lucros da elite local, comandada pela família do antigo sultão, que seguiria representava pelo seu filho, Barghash.
Em algumas culturas, como você sabe, o poder era passado obrigatoriamente de forma hereditária, salvo algumas exceções. No entanto, em Zanzibar não havia nenhuma lei que obrigasse o sultão a deixar o posto para o seu filho. Por isso, Thuwayn não tinha nenhum impedimento para assumir o poder.
Com todo o poder que o Reino Unido tinha na época, não foi difícil convencer o filho do antigo sultão a renunciar, deixando o cargo para o preferido dos britânicos.
O problema é que Thuwayn morreu três anos depois de assumir o sultanato, deixando o posto vago mais uma vez. Nesse momento, Barghash decidiu não se render aos interesses do Reino Unido e, acompanhado de 3 mil soldados e apoiadores, assumiu o posto. Como resposta, o Reino Unido, movimentou cinco navios da Marinha Real e um grande número de fuzileiros navais para a costa de Zanzibar. A mensagem era clara: Ou Barghash desistia do cargo, ou a guerra estaria declarada.
Porto de Zanzibar em 1902. – Domínio Público | Wikimedia Commons
O novo sultão não se intimidou, e assim começou a guerra. Dentro de 38 minutos, 500 soldados de Zanzibar morreram, e o palácio do sultanato foi tomado por um incêndio de grandes proporções. Entre os ingleses, apenas um marinheiro ficou ferido.
Depois da vexatória derrota, Barghash se rendeu, e conseguiu abrigo no consulado da Alemanha. O príncipe, eventualmente, fugiu do país, e se exilou até a sua morte, durante a Primeira Guerra Mundial, quando os ingleses conseguiram capturá-lo mais uma vez.
Harém do Sultão após o bombardeio. – Domínio Público | Wikimedia Commons
A Grã-Bretanha, depois da guerra, teve controle total sobre os interesses do sultanato. Foi apenas em 1963, por interesse dos próprios ingleses, que a ilha conseguiu se emancipar. Atualmente, o Zanzibar forma um estado semiautônomo da Tanzânia.