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Conheça a assustadora história dos irmãos Collyer, os primeiros acumuladores compulsivos

Leonardo Ambrosio

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Até hoje, essa é considerada uma das histórias que impulsionou o estudo da compulsão pela acumulação, que hoje é encarada como uma doença séria e tratável.

Você certamente já ouviu falar sobre a acumulação excessiva de lixo, e sobre os problemas que ela pode causar aos seus portadores. Trata-se de uma doença real, que afeta muitas pessoas no mundo inteiro e pode inclusive afetar drasticamente o convívio social.

A doença passou a ser tratada como tal apenas em 1980, mas em 1947 o mundo ficou chocado com uma história que acabou por alertar para os riscos da acumulação. Estamos falando da história dos irmãos Collyer, um caso que até hoje é considerado como o maior envolvendo a acumulação compulsiva.

Em 6 de novembro de 1881, Homer Lusk Collyer nascia, filho de uma das famílias mais respeitadas de Nova Iorque. Quase quatro anos depois, em 3 de outubro de 1885, nascia seu irmão Langley Wakeman Collyer. A mãe, Susie Gage, era uma ex-cantora, descendente de uma família que chegou aos Estados Unidos em 1621, na segunda leva de peregrinos ingleses com destino ao novo continente. Herman Collyer, o pai, trabalhava como médico ginecologista em um dos hospitais públicos mais antigos dos EUA, o Bellevue Hospital Center.

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A família tinha tudo para ter muita prosperidade, mas as coisas acabaram por tomar um caminho inesperado.

Homer e Langley passaram grande parte da infância em uma mansão da família, ajudando sempre um ao outro e criando um grando laço afetivo entre eles. Em 1919, o pai da família abandonou o casamento, deixando para trás a mulher e os filhos já adultos.

Os irmãos tiveram estudo, e ambos estudaram em faculdades, formando-se em Direito e Engenharia. Quatro anos após deixar o casamento, Herman faleceu e deixou para a ex-mulher tudo o que havia guardado em equipamentos, móveis, livros e jóias. Em 1929, a mãe da família também faleceu, deixando para os filhos todos os bens e propriedades da família. Por alguns anos, os irmãos manteram uma vida bem tranquila: Do trabalho para casa, e da casa para o trabalho. O problema aconteceu em 1933:

Neste ano, Homer perdeu a sua visão em decorrência das complicações causadas por hemorragias no fundo dos olhos. Para cuidar do irmão, Langley largou o emprego e passou a ficar apenas em casa.

Em pânico, o irmão mais novo não conseguiu lidar bem com o desafio de cuidar de Homer, e optou por se afastar completamente do mundo externo, trancando-se na casa da família e coletando o máximo possível de lixo das ruas, com o objetivo de que aquilo que fosse acumulado tivesse alguma utilidade no futuro.

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Não demorou muito para que a vizinhança começasse a se incomodar com isso, inclusive com os jovens da região importunando-os com pedras e brincadeiras. Para evitar esse estresse, Langley, que era engenheiro, desenvolveu um sistema extremamente complexo de tábuas, proteções, armadilhas e até mesmo uma espécie de labirinto por dentro da casa. Era apenas durante a noite que o rapaz deixava a “fortaleza” de lixo para coletar ainda mais rejeitos.

De acordo com relatos da época, os irmãos dormiam em uma espécie de ninho no topo da montanha formada pelo lixo, enquanto faziam suas necessidades em vasilhas e tomavam banho com o auxílio de toalhas úmidas.

A Delegacia de Nova Iorque recebeu uma ligação no dia 21 de março de 1947, dando conta de um odor insuportável nas proximidades da casa dos Collyer, o que levava a acreditar que alguém havia morrido por lá. Para entrar na residência, a polícia precisou passar por diversas barreiras de lixos que se acumulavam nas janelas e portas, pilhas de jornais velhas, camas e cadeiras, caixas, comida já em decomposição e diversas outras quinquilharias.

O primeiro corpo a ser encontrado foi o de Homer, em meio aos jornais. Algumas semanas depois, as buscas revelaram o corpo de Langley Collyer em meio a uma armadilha construída por ele mesmo, soterrado em meio a uma quantidade inimaginável de lixo. De acordo com os registros feitos na época, foram retirados mais de 120 toneladas de lixo da residência, além de 14 pianos, 25 mil livros, mais de 10 mil caixas e outros objetos.

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Hoje em dia, uma espécie de memorial foi feita no local onde antes ficava a casa da família, e essa história acabou servindo de inspiração para diversos estudos que tentariam entender a acumulação excessiva.

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Leonardo Ambrosio tem 26 anos, é jornalista, vive em Capão da Canoa/RS e trabalha como redator em diversos projetos envolvendo ciências, tecnologia e curiosidades desde 2014.

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