O Partido Comunista da Rússia pede às autoridades para limitarem as possibilidades das pessoas assistirem à série de televisão norte-americana “Chernobyl”. Segundo o Partido, os trágicos acontecimentos de 1986 tornaram-se uma “ferramenta de manipulação ideológica” para que a empresa de televisão HBO comprometesse o governo soviético, fazendo com que as pessoas demonizassem sua imagem.
Conforme relatado pela mídia local, os comunistas russos reconhecem que a “cronologia da série e os principais momentos correspondem à realidade”.

Mas eles também acreditam que “a motivação, as ações dos próprios heróis, a subordinação das relações nas instituições e no coletivo e o clima moral na sociedade soviética são exemplos de mentiras absolutas”.
Por isso, o Partido está solicitando ao Serviço Federal de Supervisão de Comunicações, Tecnologia da Informação e Mídia de Massa (Roskomnadzor) que bloqueie o acesso à série em todos os canais e plataformas no país. [Chernobyl: tudo o que você precisa saber sobre o maior desastre nuclear da história]
Eles também exigem que o roteirista e os produtores da série sejam processados por suspeita de difamação à Rússia.
Serguéi Malinkóvich, deputado e dirigente do partido, afirmou:
“Se temos um senso de dignidade como povo e como Estado, a Rússia deve responder aos criadores de tal série. É necessário iniciar um processo penal contra o diretor, o roteirista e o produtor executivo da série por difamação pública.”.
O deputado, que pediu censura à série, ainda ameaça: “Esses senhores devem entender que se tornaram inimigos da Rússia.”
O ministro russo não concorda
O ministro russo da Cultura, Vladimir Medinsky, apreciou muito a série de Chernobyl. “Ela [a série] foi feita com maestria. (…) Em geral, foi feita com grande respeito pelas pessoas comuns”, disse o ministro. [12 fotos do elenco da série Chernobyl comparadas com a vida real]
“Alguns veem um insulto à memória do sistema soviético, outros gostam. A verdade é que é algo complicado. Mas é feito de forma interessante e com amor pelas pessoas comuns”, disse o ministro.