O povo Waorani, assim como a grande maioria dos povos indígenas, depende apenas de suas próprias forças para sobreviver e para manter a sua cultura. No entanto, como quase sempre acontece, mesmo que nunca tenham interferido na vida urbana que corre ao redor da área onde vivem, no Equador, precisaram ir à luta para defender seus direitos.
Levando consigo suas armas tradicionais, documentos, e cantando suas músicas, o povo Waorani foi acompanhado de advogados até a justiça do Equador defender a preservação da área da Amazônia onde vive.
A área, de acordo com a imprensa local, está sendo colocada em risco pela crescente tendência de exploração no ponto da Mata Amazônica onde os Waorani vivem. Mais especificamente, o que levou os indígenas até a justiça foi o temor de que uma empresa que busca a exploração do petróleo pudesse ganhar o poder de fazer escavações e dominar a região. Esta prática, caso se concretizasse, colocaria em risco todo o estilo de vida dos indígenas, derrubando árvores, acabando com o solo, expulsando os animais e afetando o suprimento de água do povo. A companhia, tomando conta do lugar, destruiria praticamente tudo – incluindo a água e o ar, por conta da poluição.
Tudo isso levaria, inevitavelmente, à necessidade dos Waorani encontrarem outro lugar para viver, abandonando tudo o que aquela terra já significava para eles. Mas eles não iriam entregar tudo tão facilmente assim. Legalmente, no entanto, o governo do Equador precisaria do consentimento do povo indígena para poder passar a propriedade daquele território para a empresa exploradora de petróleo. Sabendo disso, um representante foi enviado em nome das autoridades equatorianas para conseguir o aval dos indígenas.
O problema, alegam os indígenas, é que o “acordo” que era proposto não previa situações favoráveis aos Waorani – apenas aos interesses financeiros governamentais. Por isso, o povo decidiu entrar com uma queixa oficial contra o governo do país, marchando à Corte com suas armas e vestimentas tradicionais.
Felizmente, as indignações do povo indígena comoveram também os cidadãos equatorianos, que ficaram ao lado dos Waorani durante todo o processo. Além deles, várias celebridades, como Leonardo Di Caprio, saíram em defesa dos indígenas. O governo, novamente, tentou “abafar” as questões, promovendo uma audiência sem a presença de um tradutor oficial que pudesse garantir que as queixas estavam sendo devidamente compreendidas e registradas, o que fora percebido por parte dos representantes dos indígenas, e que levou à suspensão dos trâmites legais até um tradutor fosse chamado.
No final, agindo de acordo com a lei e ouvindo as reivindicações dos Waorani, foi concedida vitória aos indígenas, que fizeram história ao evitar que 7 milhões de acres fossem vendidos para interesses econômicos individuais, salvando também a própria vida e a propagação de uma cultura milenar.
Agora, as entidades que defendem os interesses indígenas no Equador admitem que as “batalhas” ainda não terminaram, mas garantem que tudo será feito no sentido de evitar que a diversidade cultural seja destruída pelos interesses econômicos de empresas privadas.