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Como sobreviver a um caso de pandemia

Luciana Calogeras

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Seria difícil saber a forma exata que uma pandemia viral levaria, mas pelo que temos experienciado, as gripes parecem ser as mais promissoras.

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Se existe algo que o ser humano de fato teme – ou deveria temer, pelo menos –  esse “algo” se chama PANDEMIA.

Mas, antes de tudo, o que de fato é uma pandemia? Como ela ocorre? Por que são tão assustadoras assim? Bom, para entender um pouco mais sobre pandemias e seu nível de gravidade, primeiramente precisamos entender a diferença entre uma epidemia e um surto.

Para começar, um surto corresponde ao aparecimento repentino de vários casos de uma doença, em uma região específica. Como, por exemplo, tivemos recentemente casos noticiados nos jornais sobre dengue, em determinadas regiões do país, sobretudo no litoral brasileiro.

Um surto acomete pessoas de uma região específica, como um bairro ou uma cidade e, por isso, não é a mesma coisa que uma epidemia.

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Já uma epidemia acontece quando ocorrem surtos em várias regiões ao mesmo tempo. Uma epidemia de nível municipal, por exemplo, acontece quando muitos bairros são afetados com o surgimento de uma doença específica. As epidemias podem chegar a nível estadual ou mesmo a nível nacional, quando se dá em muitos estados de um mesmo país. Em outras palavras, uma epidemia é uma “coleção” nada agradável de surtos.

Além da diferença entre os surtos e as epidemias temos também as chamadas endemias, que são doenças de causa local que surgem em determinadas regiões propícias. Muitas vezes são doenças transitórias ou acabam sendo típicas de um determinado local como, por exemplo, a Febre Amarela que é considerada uma doença endêmica da região norte do Brasil.

Será que tudo pode piorar? Sim, infelizmente. E é aí que entram as pandemias.

Pandemias são doenças de alto nível de gravidade que se estendem a nível mundial, em várias regiões de todo o planeta. É o pior dos cenários que o mundo pode enfrentar e acontece quando uma epidemia sai do controle e atinge escalas globais, sendo capaz de dizimar populações inteiras e, talvez, até mesmo a humanidade se não soubermos como combatê-la.

No decorrer da história tivemos casos extremos de pandemias: a varíola, por exemplo, atormentou a humanidade por mais de 3 mil anos, matando o faraó egípcio Ramsés II, a rainha Mary II da Inglaterra, que contraiu a doença em 1694 e o rei Luís XV da França, além de muitas outras personalidades conhecidas. Em 1796 uma vacina foi desenvolvida para combater essa doença, que voltou com tudo em 1960. Porém, após as campanhas de vacinação em massa, a varíola foi considerada erradicada do planeta em 1980.

Além da varíola, também tivemos a terrível Peste Negra – sim, aquela mesma que estudamos na aula de História durante a Idade Média,  que também é conhecida como peste bubônica – uma doença que foi capaz de dizimar boa parte da população do planeta no século XIV, sobretudo dos países da Europa e Ásia. Seu desaparecimento foi gradual, na medida em que se foi melhorando a higiene e o saneamento das cidades.

Outra pandemia conhecida foi a cólera, que surgiu na Índia e atingiu seu apogeu em 1817. O vibrião da cólera é transmitido através de água ou alimentos contaminados e até hoje existem surtos de cólera, em muitas regiões no planeta. Estima-se que a cólera afete 3 a 5 milhões de pessoas em todo o mundo e tenha sido a causa de 58 000–130 000 mortes apenas em 2010.

Além dessas pandemias, também temos a famosa gripe espanhola que culminou em 1918, o sarampo que teve seu auge em 1963, o tifo epidêmico que assolou a humanidade por muito tempo, tendo sua vacina sido desenvolvida durante a Segunda Guerra Mundial, a Malária, a Poliomielite, o vírus HIV, que ficou pandêmico na década de 1980 e infectou cerca de 70 milhões de pessoas, matando 35 milhões delas e os recentes Zika, Ebola e Gripe A.

Para se ter ideia, em 2009, a gripe A (ou gripe suína) deixou de ser uma epidemia e se transformou em uma pandemia quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) começou a registrar casos em todos os continentes do planeta.

O tempo passa e nos questionamos se um dia ficaríamos livres desse terror sem fim que sempre aparecem sob uma nova forma e, muitas vezes, não temos defesa o suficiente para combater.

Especialistas relatam que não é uma questão de “se”, e sim de “quando” uma pandemia em escala global acabará com bilhões de pessoas, ou até mesmo com a humanidade

Seja provocada por uma mutação de algum vírus já existente ou por uma arma terrorista de engenharia biológica, o fato é que não estamos preparados para o que há por vir mas, pelo menos, existem algumas coisas que podemos fazer antes e durante o surto, para pelo menos aumentar as chances de sobrevivência enquanto o caos se instaura.

Veja a seguir: Como sobreviver a um caso de pandemia.

Primeiros passos: como se preparar?

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Nossa sociedade está correndo contra o tempo para se preparar para um desastre em escala global. As doenças, particularmente as de origem tropical, estão se espalhando mais rapidamente do que nunca, seja por conta das viagens de longa distância, urbanização, falta de saneamento e controle ineficaz de mosquitos… ah, sem mencionar o aquecimento global e a propagação de doenças tropicais fora dos limites equatoriais tradicionais.

Em decorrência disso, o Global Priorities Project de Oxford listou uma possível pandemia futura como uma das piores ameaças catastróficas atualmente enfrentadas pela humanidade.

Seria difícil saber a forma exata que uma pandemia viral levaria, mas pelo que temos experienciado, as gripes parecem ser as mais promissoras, já que é uma doença respiratória que se espalha pelo ar, o que a torna mais transmissível e muito mais perigosa.

Além disso, sabemos que as gripes sofrem mutações facilmente, e em alguns casos são mortais. Elas podem se espalhar antes que os sintomas apareçam e são capazes de atingir níveis pandêmicos de infecção, sendo que muitas vezes, a grande maioria das pessoas não possui imunidade ou resistência o suficiente para combatê-las.

 De qualquer forma, a gripe, seja uma cepa gerada pelo H5N1, H1N1 ou H7N9, é uma candidata legítima para o próximo surto em escala global. Então, qual seria o primeiro passo?

A Agência Federal de Gerenciamento de Emergências dos EUA (FEMA) recomenda que, em casos de pandemia você inicie um suprimento de água e alimentos por pelo menos duas semanas. Surtos geralmente duram mais do que duas semanas, então se você puder estocar de quatro a seis semanas ou até mesmo mais, melhor ainda. E lembre-se: em recipientes limpos!

Uma boa regra geral é estocar um galão de água por pessoa por dia, o suficiente para cozinhar, sanear, beber, etc.

O Dr. Stephen Redd, diretor do Gabinete de Preparação e Resposta à Saúde Pública (PHPR) dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), revela que é importante também considerar a estação em que a pandemia esteja ocorrendo, de forma que você precisará  avaliar melhor os alimentos e como armazená-los. Caso também esteja tomando algum medicamento prescrito, é importante que faça um suprimento de pelo menos um mês, para evitar sair de casa nesses casos.

Segundo o epidemiologista Mark Smolinski, diretor médico e diretor de ameaças globais à saúde da ONG americana Skoll Global Threats, é uma boa opção apostar nos medicamentos antivirais, aqueles que podem ser usados ​​para tratar a gripe comum mesmo, a fim de reforçar a imunidade caso algum resfriado venha enfraquecer o seu sistema imunológico. Mas, vale a pena lembrar que esses medicamentos se tornam menos eficazes ao longo do tempo.

Além de estocar esses medicamentos, vale a pena montar um kit de primeiros socorros padrão com analgésicos, remédios para estômago e remédios para resfriados e tosses em geral. Mesmo assim, não espere por algo terrível acontecer e mantenha-se responsável por sua saúde, deixando suas vacinas em dia. Afinal, prevenir é sempre melhor do que remediar, não é mesmo?

Uma boa dose de máscaras descartáveis é recomendada e, de preferência um respirador N95, que bloqueia mais de 95% das pequenas partículas no ar e evita a propagação de doenças. Vale a pena lembrar que em casos de pandemia declarada, pode haver a interrupção de muitos serviços habituais, como os prestados em hospitais, bancos, lojas, supermercados, correios e empresas de telefonia. Por isso, antecipe-se em tudo o que puder, estocando alimentos, sacando pelo menos um pouco de dinheiro para alguma emergência.

Caso você tenha filhos, você precisará de um plano pessoal extra, já que muitas escolas e creches ficam fechadas em casos de pandemia declarada.

Para te ajudar com mais precisão, vamos citar 30 itens fundamentais que você precisará ter em caso de uma pandemia.

30 itens que você não pode deixar de ter em caso de pandemia  

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1 – Respirador facial N-95: como já mencionamos, o primeiro item da lista deve ser um respirador facial N-95, para evitar contrair ou espalhar doenças. Esses respiradores ajudam pessoas a até mesmo casos de terremotos, bloqueando mais de 95% das partículas indesejadas presentes no ar.

2 – Panos (do tipo fralda): esses paninhos podem ser usados para muitas coisas: limpeza, em bebês, para estancar sangramento ou até para secar a louça.

3 – Medicamentos para a gripe, tosse, febre, má digestão e analgésicos em geral, por pelo menos 90 dias. Lembre-se de que, se você toma algum medicamento controlado, deve falar com seu médico para pedir receitas de, pelo menos, 90 dias. Consulte sempre seu médico e verifique se você não é alérgico a nenhum componente medicamentoso, já que alergias medicamentosas podem levar uma pessoa a óbito.

4 – Rádio portátil – de preferência um que funciona por pilhas, em caso de queda de energia. Você precisará se manter informado sobre a situação local.

5 – Lanterna com pilhas extras, uma lanterna solar ou aquelas que são manualmente recarregáveis.

6 – Abridor de latas manual. Você irá precisar dele, sobretudo para abrir os alimentos estocados, que serão em sua grande maioria, enlatados.

7 – Sacos de lixo, tanto para manter a higiene como para forrar estofados e fins de higiene.

8 – Sucos engarrafados. De preferência os integrais e pasteurizados. Evite as frutas, para diminuir o risco de contaminação.

9 –  Bebidas que repõem eletrólitos no organismo: essas bebidas, geralmente vendidas para fins esportivos, podem ser preparadas em casa e será de grande valia em caso de pandemia.

10 – Remédio para desarranjos intestinais. Esse item é essencial, pois a diarreia pode levar alguém a óbito em caso de desidratação extrema.

11 – Papel toalha para limpeza, já que é descartável.

12 – Papel higiênico.

13 –  Termômetro para monitorar febres se elas ocorrerem.

14 –  Fórmulas alimentares. Aposte em shakes vitamínicos, pois eles serão de grande utilidade. Se você tiver filhos, considere as papinhas e formulas especiais com reposição de nutrientes.

15 – Não esqueça do seu bichinho de estimação se você tiver um e estoque também ração para ele.

16 – Sabão e sabonete antibacteriano. Lave as mãos constantemente!

17 – Copos e itens descartáveis. Afinal, caso o suprimento de água da casa fique comprometido ou seja escasso, você conseguirá se manter protegido das bactérias, descartando itens sujos.

18 – Luvas de borracha descartáveis, para usar em diversas ocasiões, inclusive na limpeza de sua casa.

19 –  Alvejantes para matar bactérias durante a limpeza de sua casa.

20 –  Folhas de plástico filme para isolamento de recipientes.

21 – Fita adesiva (Silver Tape) para uso diverso.

22 – Sabão para roupas. Você irá precisar de bastante sabão, para manter suas roupas limpinhas.

23 – Varal Portátil. Você precisará de um e, caso não tenha varal em casa, pode ser que fique sem energia elétrica para usar a secadora.

24 – Filtros de água e dispositivos de purificação de água.

25 – Sacos especiais para vômitos, caso o suprimento de água seja escasso, você não poderá vomitar no vaso sanitário.

26 – Recipientes essenciais para armazenar água. De preferência, no mínimo dez litros por pessoa por dia, o essencial para beber, cozinhar e fazer a higiene básica.

27 – Lâminas de barbear. Se você tem barba, irá sentir dificuldade para usar as máscaras faciais.

28 – Pomadas para cortes, alergias e ferimentos.

29 – Anti histamínicos. Afinal, nunca se sabe quando você terá uma alergia. Mas lembre-se de consultar o seu médico antes de comprar qualquer medicamento, afinal uma alergia medicamentosa também é capaz de matar!

30 – Mínimo de 2 semanas de comida para você e seus familiares.

Alimentos ideais para armazenar em um caso de pandemia

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Veja a seguir algumas opções alimentares interessantes, para você se preparar caso o pior aconteça:

1 – No topo da lista, certamente é a água. Vale a pena separar cerca de dez litros, no mínimo, por pessoa diariamente, tanto para beber como para higiene pessoal, cozinhar etc.

2 – Atum em conserva também é uma boa opção para armazenar. É importante optar pela conserva no óleo que, além de durar mais tempo, não passa os químicos da lata para o peixe.

3 – Enlatados em geral são excelentes opções para tempos de desastres ou epidemias.

4 – Café solúvel: o café tem muitos nutrientes e, mesmo sem água quente, é possível dissolvê-lo. Não vai ficar muito gostoso mas, quem sabe com algum tipo de leite ou creme, não fique bom, não é mesmo?

5 – Leites vegetais: Os leites de origem animal, como o leite de vaca ou o de cabra, duram por pouco tempo e precisam ser mantidos sob refrigeração após abertos. O mesmo não acontece com leites de amêndoas ou de soja. Então essa é uma boa opção, inclusive para você tomar com seu café solúvel.

6 – Oleaginosas são uma boa pedida, por conta do valor nutricional agregado nelas. Castanhas, nozes, amêndoas e amendoins são exemplos de itens que você não só pode, como deve, armazenar para fazer um lanchinho da tarde.

7 – Pasta de amendoim: a pasta de amendoim não é alimento muito popular no Brasil, mas é uma fonte de proteína caso aconteça uma pandemia e você tenha que ficar em casa por muito tempo. Você pode consumi-la pura ou mesmo em pães e biscoitos.

8 – Cereais também são ótimos, pois eles duram por muito tempo se bem embalados e possuem um bom valor nutricional agregado, caso sejam, sobretudo, as versões integrais.

9 – Maçã: para encerrar com chave de ouro, uma fruta. As maçãs possuem uma durabilidade bem maior em comparação com outras frutas e, por isso, precisam ficar armazenadas em locais fechados, sem exposição ao sol, para durarem mais.

Outras considerações 

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Primeiramente, é importante ter cuidado com o tipo de informação que você recebe. Especialistas dizem que uma característica comum das epidemias é que informações equivocadas são disparadas nos meios de comunicação nos primeiros dias e, por isso, é importante estudar mais sobre o que está de fato acontecendo.

Depois, planeje com antecedência, principalmente se alguém da família tiver necessidades especiais. Lembre-se de que os serviços podem ser interrompidos, então, adquira tudo o que você precisa com antecedência – e isso inclui receitas e prontuários médicos.

Faça uma lista de contatos importantes e deixe em casa, em sua escola ou em seu  trabalho. Nunca confie plenamente em seu celular.

Converse sempre com seus vizinhos e com colegas de trabalho e/ou escola sobre planejamento acerca de ficar em casa em caso de doença. É sempre bom resolver pendências antes do pior acontecer.

Visite o supermercado com frequência e tenha sempre um pequeno estoque, de ao menos duas semanas com suprimentos de comida, água, remédios e máscaras faciais.

Por fim, mantenha-se sempre o mais saudável possível. Descanse adequadamente, coma corretamente e busque sempre se exercitar. Aliás, não espere o pior acontecer para buscar melhorar sempre e lembre-se: mantenha sua carteira de vacinação em dia!

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Luciana é profissional da área de tradução há mais de 15 anos, atuando também como professora de Inglês. Trabalha no Mistérios do Mundo desde 2016 como redatora e roteirista e em horas vagas é pesquisadora curiosa em diversas áreas do conhecimento.

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