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Como smartphones estão afetando a ‘qualidade’ do esperma

Lucas R.

Publicado em

Smartphones estão afetando a 'qualidade' do esperma
Smartphones podem afetar a qualidade do esperma em homens jovens, mas não é motivo para pânico. Saiba mais.

Já parou para pensar como o seu inseparável smartphone pode estar afetando sua saúde? Não estou falando apenas daquela tensão nos olhos ou das possíveis perturbações do sono causadas pelo tempo de tela. Uma recente onda de pesquisas trouxe descobertas bastante intrigantes – seu smartphone pode estar atendo a qualidade do seu esperma – e para pior.

Imagine a cena: você está navegando pelo celular, segurando-o na mão num minuto e, no minuto seguinte, o coloca confortavelmente no bolso da calça. É prático, rápido e um hábito para muitos de nós. No entanto, um estudo da Universidade de Genebra sugere que nossos dispositivos guardados no bolso podem estar impactando a qualidade do esperma em homens jovens. Mas calma – antes de tirar conclusões precipitadas, vamos analisar os detalhes.

Entre 2005 e 2018, cientistas coletaram dados de 2.886 homens suíços, com idades entre 18 e 22 anos. Esses homens preencheram questionários detalhados sobre seus hábitos de vida, saúde geral e, notavelmente, seus hábitos de uso de celular.

Os resultados? São bastante fascinantes. Homens que usavam seus celulares menos de uma vez por semana tinham uma concentração de esperma de 56,5 milhões por mililitro. Agora, compare isso com aqueles que usavam seus telefones mais de 20 vezes por dia; eles tinham uma concentração de 44,5 milhões por mililitro. Se você fizer as contas, isso representa uma diminuição de 21%. Bem significativo, não é?

E tem mais. A pesquisa observou que a qualidade do esperma pareceu deteriorar-se mais acentuadamente entre 2005-2007 do que nos períodos subsequentes até 2018. Curiosamente, esta linha do tempo coincide com a transição da tecnologia 2G para 3G e depois de 3G para 4G. Estas mudanças tecnológicas reduziram a potência de transmissão dos telefones. Então, surge a pergunta de um milhão de dólares: será que a radiação eletromagnética de nossos celulares está impactando a qualidade do esperma? Ainda mais quando muitos de nós guardamos nossos telefones nos bolsos, próximos à virilha?

Mas espere um minuto. É crucial não tirar conclusões apressadas. Por mais tentador que seja ver esses números e estabelecer uma relação direta entre o uso do smartphone e a diminuição da qualidade do esperma, há mais nuances na história. Rita Rahban, autora principal do estudo, destacou que os dados não afirmam categoricamente que os telefones, quando mantidos próximos ao corpo, prejudicam diretamente a qualidade do esperma. O grupo de homens que não carregava seus telefones por perto era muito pequeno para tirar qualquer conclusão firme.

Além disso, vivemos em um mundo em constante mudança. Ao longo das últimas décadas, ocorreram inúmeras transformações tecnológicas, sociais e ambientais. Alguma delas poderia estar influenciando a saúde do esperma? Por exemplo, a Professora Shanna Swan, em seu livro “Count Down”, propõe que poluentes ambientais, como certos plásticos ou substâncias usadas para impermeabilizar, podem ser os verdadeiros culpados pelo que ela chama de “apocalipse do esperma”.

Especialistas independentes, analisando este estudo sobre smartphones, elogiaram sua abordagem metodológica. Eles concordaram que é uma peça significativa de um quebra-cabeça maior. No entanto, pedem cautela na interpretação. Allan Pacey, Professor de Andrologia na Universidade de Manchester, foi direto ao ponto: esses resultados mostram uma conexão, não necessariamente uma causa. Não podemos ter certeza de que os smartphones são os vilões definitivos aqui. Talvez, apenas talvez, eles sejam indicadores de outros fatores de estilo de vida que são os verdadeiros gatilhos.

Se você é um homem preocupado com a fertilidade, o que tudo isso significa? O Prof. Pacey sugere que, embora não haja evidências concretas de que reduzir o uso do celular ou mudar onde você o carrega melhorará a qualidade do seu esperma, é uma mudança fácil de fazer se isso traz paz de espírito. Afinal, por que não prevenir em vez de remediar? Ainda assim, é fundamental abordar o tema com uma perspectiva equilibrada. Não há motivo para alarme; mais pesquisas certamente virão.

E, se estiver curioso, o Prof. Pacey? Bem, ele continua confortavelmente guardando seu telefone no bolso da calça. Como diz o ditado, são necessários mais estudos.

Para encerrar, nossos smartphones, esses dispositivos incríveis, continuam a evoluir e se tornar cada vez mais centrais em nossas vidas. Mas, como em tudo, é essencial estar informado, manter a curiosidade e ter uma mente aberta. Até a próxima descoberta revolucionária, boa navegação!

P.S.: Se quiser se aprofundar, o estudo está disponível na revista Fertility & Sterility.

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Editor-chefe do portal Mistérios do Mundo desde 2011. Adoro viajar, curtir uma boa música e leitura. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.