Para alguns, a visão de uma cobra se arrastando no chão é assustadora o suficiente… agora consegue imaginar uma cobra passando por cima da sua cabeça no ar em alta velocidade? As cobras da espécie Chrysopelea paradisi fazem exatamente isso: planam pelo ar ao saltarem de árvores! Elas habitam o sul e sudeste da Ásia.
Socha, um Dr. e professor de engenharia biomédica e mecânica da Virginia Tech, publicou um estudo recentemente apoiando a hipótese de que as ondulações no ar das cobras (os zig zags) são na verdade processos cuidadosamente coordenados e altamente funcionais que aprimoram a estabilidade dinâmica da cobra em voo.
“Eu não diria que todos os mistérios por trás disso estejam resolvidos”, disse Socha, “mas temos uma grande parte do quebra-cabeça montado”.
Sincronizado e milimetrado é o que define o “voo” dessas cobras saltadoras
Chamar esse salto de voo é um termo um pouco impróprio para o que essas cobras de fato fazem. Elas tendem a cair estrategicamente ou planar, o que significa que não ganham altitude como um pássaro ou um inseto. Seus “voos” geralmente duram apenas alguns segundos, a uma velocidade de cerca de 40 quilômetros por hora, e elas conseguem aterrizar sem ferimentos. Para os olhos destreinados, pode parecer que a cobra caiu de uma árvore por acidente, balançando freneticamente enquanto cai. Mas não é bem assim.
Veja um vídeo que mostra essas cobras em ação:
Uma vez que começa a planar depois de saltar do galho de uma árvore, a cobra move suas costelas e músculos para estender a largura da parte inferior, transformando seu corpo em uma estrutura que redireciona o fluxo de ar como um paraquedas ou uma asa. Uma seção transversal do meio do corpo da cobra mostraria que sua forma circular se torna triangular e todo o corpo ondula à medida que plana em direção ao seu alvo.
Durante anos, o Dr. Socha se perguntou se as ondulações eram movimentos únicos para o voo ou se as cobras estavam simplesmente repetindo o mesmo movimento no ar que usam para se mover pela terra e pela água.
Os pesquisadores utilizam tecnologia de motion capture para entender os movimentos das cobras
Os pesquisadores fizeram experimentos com cerca de meia dúzia de cobras planadoras, equipando-as com um sistema de câmera de captura de movimento de alta velocidade. Eles anexaram fita refletora de infravermelho às cobras e formaram uma torre alta com um galho para saltarem e uma torre mais baixa disfarçada de árvore para um local de pouso. E então deixaram elas planarem.
Com os dados coletados, pesquisadores criaram modelos 3D para mostrar todos os ângulos da cobra em voo
Os modelos mostraram que as ondulações contêm ondas verticais e horizontais. E as ondas fluem proporcionalmente, com as ondas verticais duas vezes a frequência das ondas horizontais.
Eles também descobriram que a extremidade traseira da serpente se movia para cima e para baixo verticalmente ao longo do que eles chamavam de eixo dorsoventral, aumentando sua estabilidade para cima e para baixo ou de inclinação.
“Outros animais ondulam para propulsão”, disse Yeaton. “Descobrimos que as cobras voadoras ondulam em busca de estabilidade.”
Segundo os pesquisadores, as informações do estudo podem ter aplicações para robótica, principalmente em exploração e salvamento. “Espero que, antes do final da minha vida, tenhamos um robô de busca e salvamento baseado em cobras planadoras”, disse ele.
Luciana é profissional da área de tradução há mais de 15 anos, atuando também como professora de Inglês. Trabalha no Mistérios do Mundo desde 2016 como redatora e roteirista e em horas vagas é pesquisadora curiosa em diversas áreas do conhecimento.