O DNA extraído dos restos mortais de uma mulher que viveu no Japão há aproximadamente 3500-3800 anos está sendo utilizado para reconstruir seu rosto e ajudar os cientistas a entender melhor a história do povo que vivia naquela região há mais de três milênios.
Conforme relatado em um artigo publicado pelo jornal japonês Asahi Shimbun, o DNA foi extraído de um dente, que fora encontrado junto com o restante do crânio da mulher em Funadomori, na costa de Hokkaido. A partir do sequenciamento do DNA, os pesquisadores foram capazes de identificar algumas características distintas das que estamos acostumados a ver nos japoneses “modernos”. Ao que tudo indica, por exemplo, os habitantes da região naquela época tinha a pele mais escura, sardas e cabelos nem tão lisos assim.
The National Museum of Nature and Science, Tokyo
Além disso, os pesquisadores concluíram que a mulher em questão provavelmente se alimentava com uma dieta rica em gordura, que provavelmente vinha de animais marinhas, como baleias, focas e morsas. Um outro fator que chamou a atenção dos especialistas é o fato de que o DNA da mulher indicava uma maior resistência ao álcool, o que não é tão comum hoje em dia entre os japoneses.
Os cientistas descobriram, também, que o DNA indicava que a mulher provavelmente tinha uma cera de ouvido de coloração alaranjada e úmida, ao contrário do que a maioria das pessoas do leste asiático hoje em dia – que possuem uma variação genética que provoca uma cera esbranquiçada e “esfarelada”. Como este tipo esbranquiçado de cera também é comum entre nativos americanos, isso pode indicar que parte dos asiáticos de três milênios atrás imigraram para o território americano por meio do estreito de Bering.
Leonardo Ambrosio tem 26 anos, é jornalista, vive em Capão da Canoa/RS e trabalha como redator em diversos projetos envolvendo ciências, tecnologia e curiosidades desde 2014.