Órgãos de porco poderiam um dia ser transplantados para pacientes humanos, à medida que os pesquisadores buscam aumentar o suprimento de órgãos de doadores para atender às demandas atualmente avassaladoras. A demanda por órgãos de doadores para transplante é muito superior à oferta. Só nos Estados Unidos, por exemplo, existem cerca de 120 mil indivíduos atualmente aguardando um transplante de órgãos para salvar vidas.
Para isso, a startup americana eGenesis se uniu ao Hospital Geral de Massachusetts, em Boston, para testar se os órgãos de porco podem ser transplantados em macacos. Se bem-sucedidos, tais desenvolvimentos poderiam abrir o caminho para o início de testes para verificar se órgãos de porcos também podem ser transplantados com segurança em pacientes humanos.
Pesquisadores estão usando técnicas avançadas de edição genética para modificar os órgãos antes do transplante para diminuir o risco de serem rejeitados pelo corpo do doador.
O geneticista de Harvard, George Church, co-fundador e conselheiro da startup americana eGenesis, está trabalhando para adaptar órgãos de suínos para que possam ser adaptados para transplantes em pacientes humanos.
Órgãos de porco seriam uma boa escolha para transplante em pacientes humanos, já que seus órgãos tendem a ser semelhantes em tamanho aos nossos. Um dos principais desafios para o transplante de órgãos entre espécies diferentes consiste em suprimir a resposta imune do corpo do receptor que de outra forma atacaria o órgão doado. [Cientistas “revivem” cérebro de porco morto e reabrem debate sobre o fim da vida]
O professor Church e seus colegas estão usando a técnica de edição de genes CRISPR para modificar os órgãos do porco, de modo que eles fiquem menos propensos a serem rejeitados. Uma vez modificados, os pesquisadores da eGenesis estão testando a viabilidade dos órgãos após transplantá-los em macacos de testes no Hospital Geral de Massachusetts.
“O que estamos fazendo é um passo necessário”, diz James Markmann, que é chefe de cirurgia de transplantes do Hospital Geral de Massachusetts, bem como consultor da eGenesis. “Nós teríamos dificuldade em colocar um órgão modificado em um humano até que ele tenha sido testado em um animal grande”, acrescentou ele.
A natureza exata dos experimentos atuais – quais órgãos estão sendo transplantados, as espécies dos macacos experimentais receptores e os detalhes de como os porcos estão sendo criados – permanece em segredo, informou o MIT Technology Review.