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Cientistas encontraram o ‘Santo Graal’ nas profundezas da Terra

Lucas R.

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Pesquisa da Universidade do Texas revela que o núcleo interno da Terra é menos rígido devido ao movimento atômico surpreendente.

O núcleo interno da Terra sempre foi um assunto de fascínio e estudo, e uma pesquisa recente liderada pela Universidade do Texas trouxe novidades surpreendentes sobre o que sabíamos dele. Imagine o núcleo da Terra como um centro rígido e imóvel. Pensou? Agora, vamos revirar um pouco essa compreensão.

Para começar, imagine-se em uma mesa de jantar com seus amigos. De vez em quando, alguém se levanta e troca de lugar. Este movimento, mantendo a estrutura geral da disposição dos lugares, é bastante semelhante a uma descoberta revolucionária sobre o núcleo interno da Terra. O estudo, publicado no prestigiado Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), revelou que certos átomos de ferro no núcleo não são tão estáticos quanto pensávamos. Eles podem mudar sua posição enquanto mantêm sua estrutura metálica central. Os cientistas cunharam o termo “movimento coletivo” para este fenômeno, fazendo uma analogia a como trocamos de assentos à mesa. Interessante, não é?

Cientistas encontraram o 'Santo Graal' nas profundezas da Terra

Mas por que isso é tão significativo? Youjun Zhang, físico da Universidade de Sichuan e um dos principais colaboradores desta pesquisa, explicou perfeitamente: “O ferro sólido se torna surpreendentemente maleável dentro da Terra porque seus átomos podem se mover muito mais do que imaginávamos”. E qual é a consequência disso? Este aumento do movimento atômico torna o núcleo interno menos rígido e mais vulnerável a forças que tentam cortá-lo ou deformá-lo.

E tem mais. Essas descobertas podem ser a chave para entendermos alguns dos processos enigmáticos que ocorrem nas profundezas do nosso planeta. Por exemplo, o campo magnético da Terra, uma barreira protetora que desvia a radiação solar prejudicial e desempenha um papel crucial em tudo, desde a navegação até a manutenção do clima do nosso planeta, é impulsionado pela geodinâmica.

E adivinhe só? Uma grande parte da energia geodinâmica – mais da metade, segundo esses pesquisadores – que alimenta esse campo magnético vem diretamente do núcleo interno. Jung-Fu Lin, uma figura de destaque neste estudo da Universidade do Texas Jackson School of Geosciences, expressou sua empolgação, dizendo: “Agora sabemos o mecanismo fundamental que nos ajudará a entender os processos dinâmicos e a evolução do núcleo interno da Terra”. Ele até se referiu à sua descoberta como tendo encontrado “a resposta para o Santo Graal da geofísica”.

No entanto, afirmações tão revolucionárias requerem evidências robustas. E a equipe de pesquisa estava pronta para o desafio. Eles realizaram experimentos de alta pressão em ambientes meticulosamente controlados para validar suas conclusões. Mas não pararam por aí. Em uma era onde tecnologia e ciência andam de mãos dadas, a equipe recorreu à Inteligência Artificial (IA).

Usando algoritmos de IA, eles criaram uma simulação de computador, carinhosamente chamada de “supercélula”, composta por impressionantes 30.000 átomos. Essa supercélula proporcionou-lhes um campo virtual para observar o comportamento dos átomos de ferro sob condições extremas, similares às do núcleo da Terra. Em resumo, esta abordagem foi revolucionária. Modelos de computador anteriores que simulavam o núcleo da Terra muitas vezes se limitavam a uma centena de átomos dispostos em um padrão repetitivo.

Concluindo seu estudo, Lin sugeriu uma implicação ainda mais ampla de suas descobertas, indicando que os princípios do movimento coletivo podem não ser exclusivos da Terra. Planetas como Marte também podem exibir física semelhante em seus núcleos. Portanto, não só ganhamos uma nova perspectiva sobre nosso planeta natal, mas também podemos ter tropeçado em um segredo universal dos interiores planetários. Em suma, da próxima vez que pensar no núcleo da Terra, lembre-se: ele não é apenas uma bola estática e rígida – é uma entidade dinâmica e em constante evolução, assim como o mundo acima dele.

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Editor-chefe do portal Mistérios do Mundo desde 2011. Adoro viajar, curtir uma boa música e leitura. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.