De 6 de agosto de 1945 a 9 de agosto do mesmo ano, o Japão viveu um dos momentos mais difíceis de sua história, com o bombardeio atômico de Hiroshima e Nagasaki. Como você provavelmente já sabe, os atentados destruíram as duas cidades, causando de 129 mil a 246 mil mortos, aproximadamente. Mas mesmo tanto tempo depois, os especialistas ainda continuam a desvendar os efeitos das explosões.
Nas praias japonesas de Motoujina, por exemplo, se você der uma caminhada pela praia você pode encontrar uma série de pequenos artefatos, parecidos com vidro, soltos na areia. De acordo com os cientistas, estes objetos são resquícios dos bombardeios, que levantaram do solo uma quantidade incalculável de todo o tipo de material que formava as cidades de Hiroshima e Nagasaki. Todos esses materiais foram literalmente cozidos pelo calor da explosão, e posteriormente caíram no solo como se fossem chuva. Para se ter uma ideia da quantidade de material que foi literalmente derretido e novamente solidificado pela explosão, basta ter em mente que 70% de toda a cidade de Hiroshima foi devastada pela explosão. Dos 246 mil mortos, estima-se que 70 mil pessoas morreram imediatamente, como em um piscar de olhos.
Em um novo estudo publicado na revista científica Anthropocene, os cientistas chamam estas formações de “hiroshimaites”, em inglês, o que podemos traduzir de forma livre para “hiroshimitas”. Conforme os próprios pesquisadores, os objetos encontrados em Motoujina se assemelham com outros que eles mesmo já analisaram em outras partes do mundo, que remontam as grandes explosões que causaram a extinção dos dinossauros há cerca de 66 milhões de anos.

“Este foi o pior evento provocado pelo Homem até então. Durante a surpresa de fazer essas descobertas, a grande pergunta para mim era: Você tem uma cidade, e um minuto depois você não tem mais cidade nenhuma. Essa era a pergunta: ‘Onde está a cidade – onde está o material?’. Esta descoberta é um tesouro. É uma história incrível”, disse Rudy Wenk, da UC Berkeley, um dos co-autores do estudo, ao portal IFLScience.
Entre os compostos encontrados nos objetos, estavam concentrações de alumínio, silicone, cálcio, ferro, aço, concreto, mármore e borracha, grande parte dos materiais presentes na cidade antes da explosão.