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Cientistas produzem um tipo de ouro ainda mais incrível que o natural

Leonardo Ambrosio

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Quando falamos em materiais preciosos e de grande valor, o ouro é um dos que vêm mais rapidamente à nossa cabeça. Não é para menos, afinal de contas estamos falando de um metal raro, com diversas utilidades, que vão muito além apenas de servir para a confecção de joias.

O ouro é um recurso natural, que de acordo com algumas teorias científicas é resultante principalmente de uma colisão entre duas estrelas de nêutrons super densas. Grande parte deste ouro foi espalhado ao redor do Universo, com parte dele ficando “preso” na Terra durante a sua formação.

E não nenhum outro elemento como o ouro. Capaz de absorver muitos dos comprimentos de onda mais baixos da luz visível, ele exibe apenas os tons restantes, que formam uma coloração dourada. Outros elementos não conseguem fazer, com exceção do césio. Mas além disso, o ouro também é um metal nobre, o que significa que ele é inerte: extremamente resistente à corrosão e oxidação.

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Imagem ilustrativa de outro tipo de ouro produzido artificialmente. | WikiCommons

Mas sem se apegar às explicações técnicas e científicas, o ouro é um material que ao longo da história da humanidade foi muito desejado por todos. E agora, conforme relatado em um artigo da ‘New Scientist‘, pesquisadores conseguiram criar uma nova forma de ouro, que pode ser ainda mais incrível do que o material criado pela própria natureza.

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Mas como?

Bem, fazer ouro em laboratório não é algo assim tão novo, e isso já foi feito em algumas outras ocasiões. Mas para chegar neste produto “perfeito”, o trabalho foi um pouco mais difícil que o normal. Porém, as sementes começaram a ser plantadas ainda em 2015. Naquela época, uma equipe liderada pelo ‘Center for Nano and Soft Matter Sciences’, em Bangalore, na Índia, fez o que muitos alquimistas do passado adorariam ter feito.

Eles jogaram um pouco de cloreto de ouro em uma fornalha a 220ºC, aquecendo-o por meia hora ao lado de brometo de tetraoctilamônio. O resultado desta receita digna de livros de bruxaria foi um ouro elementar que formou protuberâncias microscópicas, irregulares e alongadas. Esses microcristais podem não parecer grande coisa, mas um novo estudo afirma que eles têm um impacto visual considerável. Para descobrir isso, porém, eles tiveram que bombardeá-los com algumas substâncias não muito agradáveis.

Em um artigo intitulado “Nobler than the Noblest” (ou ‘Mais nobre que o mais nobre’, em bom português), os cientistas explicam que existem algumas coisas pelas quais o ouro pode ser “atacado” quimicamente. Ele pode ser destruído, por assim dizer, por exemplo, com uma combinação de ácido nítrico e ácido clorídrico, que é conhecida como “água régia”. Além disso, o ouro também reage de forma bem dramática com o mercúrio.

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No entanto, o novo ouro produzido em laboratório resistiu bastante a todos esses “inimigos”. Segundo os pesquisadores, o novo tipo de ouro resistiu muito bem contra a água régia, que precisou ser utilizada em grandes concentrações para conseguir dissolvê-lo. Além disso, o novo material supostamente “não teve nenhuma interação com o mercúrio”. Isso significa que esse tipo de ouro forjado em laboratório é extremamente mais resistente a mudanças químicas que o ouro convencional.

Ainda que novos estudos sejam necessários para entender exatamente o que acontece com esse material, os pesquisadores suspeitam que o formato pouco convencional deste ouro faça com que ele seja mais resistente a produtos químicos externos.

E é justamente isso que faz com que eles afirmem que, pelo menos na teoria, criaram um ouro ainda mais nobre do que o natural.


Com informações do IFLScience e do New Scientist.

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Leonardo Ambrosio tem 26 anos, é jornalista, vive em Capão da Canoa/RS e trabalha como redator em diversos projetos envolvendo ciências, tecnologia e curiosidades desde 2014.