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Cientistas desenvolveram um teste de 9 perguntas para descobrirem o quão sádico alguém é

Luciana Calogeras

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 Até hoje a ciência não tem como medir os níveis de bondade de uma pessoa, determinando se ela é uma boa ou uma má pessoa para a sociedade. Mas, felizmente, os cientistas estão ficando cada vez melhores em descobrir aqueles que gostam de machucar os outros em benefício próprio. 

Um campo relativamente novo na pesquisa de personalidade estuda traços “misantrópicos” – uma característica que leva alguém a ferir os outros ao redor para seu próprio benefício. Hoje, a psicologia moderna estabeleceu uma ” tríade sombria ” de traços de personalidade prejudiciais para a sociedade: o narcisismo, a psicopatia (a falta total de empatia) e o maquiavelismo (a tendência de manipular os outros). 

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Qualquer uma dessas características faz a pessoa criar grandes problemas e traumas na convivência com outras pessoas. Agora, alguns pesquisadores sugerem que existe um quarto traço que deve se juntar à tríade: o sadismo. 

Entende-se por sádico aquele que sente prazer em humilhar ou causar dor a alguém. E, apesar de sermos familiarizados com esse termo sobretudo nos cinemas, onde grandes vilões apresentam essa característica, a ideia de sadismo é bastante nova nos ambientes clínicos. Isso em parte porque todo o estudo da personalidade, mais especificamente dos traços “sombrios” de personalidade, é bastante recente e subdesenvolvido. Além disso, traços como sadismo, junto com o resto da tríade sombria, são extremamente difíceis de serem diagnosticados com precisão clínica. 

No entanto, alguns estudos recentes realizados nos últimos anos mostram que o sadismo se correlaciona fortemente com o comportamento cruel, como por exemplo o bullying. Sendo assim, com base no conhecimento que se tem hoje sobre o assunto, alguns pesquisadores desenvolveram um teste rigoroso de sadismo, que consiste em uma lista de perguntas destinadas a cutucar o coração de uma personalidade sádica. 

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A primeira versão tinha 20 perguntas e os participantes deveriam responder em uma escala o quanto concordavam ou discordavam dessas afirmações, usando uma escala de um a cinco, sendo .o número um “discordo totalmente” e o número cinco “concordo totalmente”. 

Então, quando 199 alunos de graduação fizeram o teste, os resultados foram promissores, mas ainda assim inconclusivos. 

Os pesquisadores descobriram que o teste era bom para medir o sadismo e os traços da tríade sombria e sugeria que havia padrões específicos e interpretáveis nas personalidades misantrópicas das pessoas. Mas os resultados não geraram o resultado esperado, que era de identificar o sadismo como algo separado da psicopatia e, por isso, eliminaram algumas perguntas que poderiam ter causado controvérsias e reformularam as questões. 

São elas: 

1 – Zombo de pessoas para que elas saibam que estou no controle. 

2 – Não me canso de tocar e empurrar as pessoas. 

3 – Eu machucaria alguém se isso me deixasse no controle. 

4 – Quando zombo de alguém, é engraçado vê-lo ficar chateado. 

5 – Ser mau com as outras pessoas pode ser algo emocionante. 

6 – Tenho prazer em zombar das pessoas na frente de seus amigos. 

7 – Ver as pessoas se metendo em brigas me deixa animado. 

8 – Eu penso em machucar as pessoas que me irritam. 

9 – Eu não machucaria ninguém de propósito, mesmo que não gostasse deles. 

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Com essas perguntas, os 202 alunos participantes obtiveram resultados mais específicos: apesar de ainda correlacionado com outros traços da tríade sombria como psicopatia, como esperado, fez um trabalho melhor em mostrar que o sadismo é uma categoria separada.  

Uma curiosidade é que em ambos os testes, os homens pontuaram muito mais do que as mulheres nas características negativas, porém há muito mais trabalho a ser feito: os pesquisadores estão desenvolvendo um sistema de Avaliação da Personalidade Sádica (ASP) a fim de aprimorarem ainda mais as análises, para que desempenhem um importante papel clínico em diagnósticos futuros. 

Esses resultados foram publicados na revista Personality and Individual Differences. 

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Luciana é profissional da área de tradução há mais de 15 anos, atuando também como professora de Inglês. Trabalha no Mistérios do Mundo desde 2016 como redatora e roteirista e em horas vagas é pesquisadora curiosa em diversas áreas do conhecimento.

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