Um vulcão submarino localizado a cerca de 470 quilômetros da costa do estado de Oregon, nos Estados Unidos, está proporcionando aos cientistas uma rara oportunidade de estudar e prever o comportamento vulcânico com uma precisão sem precedentes. O Axial Seamount, uma imensa formação submarina com 1.100 metros de altura e 2 quilômetros de diâmetro, tem apresentado sinais de uma possível erupção em 2025.
O que torna essa situação especialmente notável é o sistema avançado de alerta em operação. Diferentemente de eventos vulcânicos típicos, nos quais os avisos costumam surgir apenas algumas horas antes de uma erupção, os cientistas conseguiram prever esse potencial evento com bastante antecedência. Essa capacidade resulta de uma década de monitoramento contínuo, por meio de uma extensa rede de cabos e instrumentos instalados no fundo do mar, que registram em tempo real cada movimento e alteração no comportamento do vulcão.
“O vulcão submarino mais bem instrumentado do planeta”, declarou o geólogo Mark Zumberge, do Instituto de Oceanografia Scripps, ao destacar o sistema sofisticado de monitoramento utilizado.
Observações recentes revelaram que a superfície do Axial se elevou a níveis semelhantes aos registrados antes de sua última erupção, em 2015. Essa expansão indica um acúmulo significativo de magma sob a superfície, o que aumenta a pressão dentro do sistema vulcânico. A semelhança com as condições anteriores a 2015 reforça a confiança dos cientistas em suas previsões.
A equipe de pesquisa da Universidade Estadual do Oregon já havia previsto com sucesso a erupção de 2015, considerada na época a “melhor previsão” feita até então. Com base nesse êxito, os pesquisadores agora estão utilizando inteligência artificial para analisar dados sísmicos do período anterior à erupção de 2015, buscando padrões que possam aprimorar as capacidades de previsão no futuro.
O vulcanologista Valerio Acocella, da Universidade Roma Tre, descreve o Axial como um “vulcão muito promissor” para o avanço da compreensão dos sistemas vulcânicos. No entanto, ele adota uma abordagem cautelosa, afirmando: “Sempre há o risco de que um vulcão siga um padrão que nunca vimos antes e faça algo inesperado.”
A localização do vulcão, a 1.400 metros abaixo do nível do mar, oferece um cenário único para a observação científica. A infraestrutura de monitoramento permite que os pesquisadores coletem dados sobre diversos aspectos da atividade vulcânica, desde movimentos sísmicos até padrões de deformação do solo.
“Precisamos de casos ideais para entender como os vulcões funcionam”, explicou Acocella, destacando a importância de estudar sistemas vulcânicos bem monitorados. Embora reconheça que não há uma “bola de cristal” para prever erupções vulcânicas, ele sugere que a possível erupção de 2025 pode trazer informações valiosas para o campo da vulcanologia.
Os esforços atuais de monitoramento combinam métodos tradicionais de observação com tecnologia de ponta, criando uma abordagem abrangente para o estudo de vulcões. Essa integração de ferramentas e metodologias científicas representa um avanço significativo na pesquisa e previsão de atividades vulcânicas.